Governo Anuncia, Recuas e Esquece: Quando as Leis Viram Fumaça
Num país onde o cumprimento da lei deveria ser o pilar da estabilidade económica e social, o Governo angolano — em especial o Ministério da Indústria e Comércio — tem repetidamente falhado em garantir a aplicação das próprias medidas que anuncia com entusiasmo. A prática tornou-se rotineira: decretos são publicados, restrições aprovadas, mas logo depois surgem os recuos, os silêncios cúmplices e a inércia fiscalizadora. A credibilidade das instituições públicas está a esvair-se e o ministério da indústria e comércio tem sido o grande responsável.

Registro autoral da fotografia
O caso do frango: um escândalo travestido de pragmatismo
Nada ilustra melhor essa tendência do que o episódio recente da proibição da importação de frangos congelados, anunciada como uma medida de apoio à produção nacional e de estímulo à autossuficiência alimentar. Em menos de uma semana, após forte pressão de grupos económicos e interesses comerciais, o Governo recuou. Não por razões técnicas claras, mas por conveniências não explicadas.
Esse recuo não foi apenas simbólico — foi um golpe directo à confiança dos produtores nacionais que, encorajados pela medida, acreditaram que finalmente o Estado iria proteger a indústria avícola interna. Muitos investiram, fizeram projecções e em troca receberam um Estado volátil, frágil e inseguro.
Decretos que não saem do papel: o exemplo da cesta básica
O Decreto Executivo n.º 72/24 de 22 de março é outro exemplo gritante. Nele, o Ministério da Indústria e Comércio determina regras específicas para a importação de produtos da cesta básica, com o objectivo de organizar o mercado, proteger o consumidor e privilegiar a produção interna . Na prática, no entanto, o comércio continua a ser dominado por importações desreguladas, muitas vezes em condições duvidosas, enquanto a fiscalização continua a ser esporádica ou inexistente.
Promessas para o povo, cedências para os grupos de interesse, sobretudo para estrangeiros.
A incoerência entre o que se anuncia e o que se cumpre expõe um Governo refém de interesses e incapaz de impor autoridade sobre as dinâmicas comerciais. A política pública parece ser dirigida ao sabor das pressões externas e não da visão estratégica de desenvolvimento. Pior: a população assiste atónita a este teatro de intenções nunca concretizadas.
Consequências: descrédito, informalidade e sabotagem da indústria nacional.
Ao recuar sistematicamente ou deixar de fiscalizar, o Estado alimenta o ciclo de informalidade e de desrespeito pelas normas. Os empresários sérios são punidos pela sua legalidade. Os oportunistas vencem, os consumidores pagam mais e o país afunda na incoerência regulatória. Os sinais para o investidor nacional e estrangeiro são perigosamente claros: aqui, regras são temporárias e o cumprimento da lei é opcional.
É chegada a hora de o Ministério da Indústria e Comércio sair da retórica e entrar na prática. Angola precisa de um Governo que não legisle para a galeria, mas que crie regras claras, aplique-as com firmeza e proteja de facto a produção interna e o interesse público. Cada recuo sem explicação mina a autoridade do Estado. Cada decreto sem fiscalização é uma traição à confiança do povo.
A construção de um país forte não se faz com anúncios em conferências de imprensa — faz-se com coerência, com coragem e com compromisso real com o desenvolvimento.
Notícias que você também pode gostar
A defesa dos generais alega que o processo judicial contra Leopoldino do Nascimento (‘Dino’) e Hélder Vieira Dias Júnior (‘Kopelipa’) terá tido origem num “equívoco” relacionado com os terrenos onde foram construídos imóveis do CIF Angola, em Luanda.
Há 10 horas
A 3.ª edição da Expo-Cabinda, que começa no próximo dia 11 de Julho, vai contar com a participação de 150 expositores. Segundo o governo provincial de Cabinda, vão participar no evento expositores e delegações dos municípios de Cabinda e de diversas províncias do país, assim como de Portugal, República do Congo, Brasil, Rússia, Bélgica e Canadá.
Há 10 horas
O parque solar do Lucapa, na província da Lunda Norte, entrou em funcionamento no passado Sábado, após ter sido inaugurado pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges. O projecto vai beneficiar mais de 45.000 habitantes, bem como permitirá ao Estado poupar mais de 900 mil milhões de kwanzas por ano.
Há 10 horas
A agenda de trabalho de João Lourenço em Sevilha, cidade espanhola onde está a decorrer a 4.ª Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, foi marcada, esta Segunda-feira, por diversas reuniões com líderes internacionais.
Há 10 horas
Embaixadores europeus acreditados em Angola iniciam na Terça-feira uma visita de três dias ao Huambo e Bié, duas províncias atravessadas pelo Corredor do Lobito, numa missão que reforça o interesse da União Europeia (UE) nesta infraestrutura.
Há 10 horas
O Presidente da República e Presidente em exercício da União Africana (UA), João Lourenço, sublinhou que não “haverá desenvolvimento” em África sem “infra-estruturas sólidas e funcionais”. A consideração foi feita esta Segunda-feira durante a conferência da ONU sobre financiamento para o desenvolvimento, que está a decorrer em Sevilha (Espanha).
Há 11 horas
Na reunião ministerial União Europeia-União Africana, realizada na sexta-feira, em Roma, o porta-voz da UE para os Negócios Estrangeiros reafirmou que “nem a UE nem nenhum dos seus Estados-membros reconhece a República Árabe Saharaui Democrática”.
Há 16 horas
O Movimento de Estudantes de Angola (MEA) exigiu esta Sexta-feira “a suspensão imediata” da autorização de aumento de propinas no ensino privado geral e superior, no próximo ano lectivo, ponderando sair às ruas caso não sejam ouvidos.
Há 2 dias
A defesa dos generais alega que o processo judicial contra Leopoldino do Nascimento (‘Dino’) e Hélder Vieira Dias Júnior (‘Kopelipa’) terá tido origem num “equívoco” relacionado com os terrenos onde foram construídos imóveis do CIF Angola, em Luanda.
Há 10 horas
A 3.ª edição da Expo-Cabinda, que começa no próximo dia 11 de Julho, vai contar com a participação de 150 expositores. Segundo o governo provincial de Cabinda, vão participar no evento expositores e delegações dos municípios de Cabinda e de diversas províncias do país, assim como de Portugal, República do Congo, Brasil, Rússia, Bélgica e Canadá.
Há 10 horas
O parque solar do Lucapa, na província da Lunda Norte, entrou em funcionamento no passado Sábado, após ter sido inaugurado pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges. O projecto vai beneficiar mais de 45.000 habitantes, bem como permitirá ao Estado poupar mais de 900 mil milhões de kwanzas por ano.
Há 10 horas
A agenda de trabalho de João Lourenço em Sevilha, cidade espanhola onde está a decorrer a 4.ª Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, foi marcada, esta Segunda-feira, por diversas reuniões com líderes internacionais.
Há 10 horas
Embaixadores europeus acreditados em Angola iniciam na Terça-feira uma visita de três dias ao Huambo e Bié, duas províncias atravessadas pelo Corredor do Lobito, numa missão que reforça o interesse da União Europeia (UE) nesta infraestrutura.
Há 10 horas
O Presidente da República e Presidente em exercício da União Africana (UA), João Lourenço, sublinhou que não “haverá desenvolvimento” em África sem “infra-estruturas sólidas e funcionais”. A consideração foi feita esta Segunda-feira durante a conferência da ONU sobre financiamento para o desenvolvimento, que está a decorrer em Sevilha (Espanha).
Há 11 horas
Na reunião ministerial União Europeia-União Africana, realizada na sexta-feira, em Roma, o porta-voz da UE para os Negócios Estrangeiros reafirmou que “nem a UE nem nenhum dos seus Estados-membros reconhece a República Árabe Saharaui Democrática”.
Há 16 horas
O Movimento de Estudantes de Angola (MEA) exigiu esta Sexta-feira “a suspensão imediata” da autorização de aumento de propinas no ensino privado geral e superior, no próximo ano lectivo, ponderando sair às ruas caso não sejam ouvidos.
Há 2 dias