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Quase abandonada: Mediateca móvel do Andulo mergulhada no silêncio digital há mais de seis meses

Num tempo em que a internet se tornou sinónimo de acesso ao conhecimento e à cidadania digital, a mediateca móvel do município do Andulo, no Bié, enfrenta uma crise alarmante: está sem ligação à internet há mais de meio ano. A denúncia foi feita pelo próprio director da instituição, Silveira Sanjuia, que lamenta os impactos devastadores da interrupção tecnológica sobre os estudantes da região.

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Há 7 dias
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Segundo o responsável, a ausência prolongada de internet tem gerado um êxodo de utilizadores, passando de 372 cadastrados para apenas 51 frequentadores regulares, que recorrem ao espaço exclusivamente para serviços básicos como impressão e digitalização de documentos. O sonho de aceder a bibliotecas digitais, vídeos educativos e plataformas de aprendizagem online transformou-se num pesadelo digital para os jovens do Andulo.

Desmotivação e risco de abandono

“Estamos a perder alunos. Muitos vinham à mediateca com o objectivo de estudar, pesquisar, aprender. Sem internet, o espaço perdeu a sua alma”, declarou Sanjuia, visivelmente apreensivo. A par da frustração dos estudantes, cresce o receio de que o abandono progressivo leve à total paralisação da actividade educativa e cultural naquele centro.

A situação já foi reportada à Rede de Mediatecas de Angola (REMA), entidade que tutela as mediatecas a nível nacional, e que se comprometeu a resolver o problema. No entanto, a solução tarda em chegar, e a comunidade estudantil do Andulo continua à deriva num deserto de conectividade.

Cursos gratuitos tentam salvar a missão educativa

Apesar das dificuldades, a equipa da mediateca não baixou os braços. “Estamos a organizar cursos gratuitos de informática básica, redacção e técnicas de leitura. É a nossa forma de manter a casa viva”, explicou o director, apelando ao envolvimento das autoridades e da sociedade civil para salvar este importante espaço de inclusão digital.

Medo de vandalismo agrava o cenário

Como se não bastasse a falta de internet, a mediateca móvel enfrenta ameaças de vandalismo. Sanjuia revelou a urgente necessidade de reforçar a segurança, temendo que o espaço seja alvo de assaltos durante o período de fragilidade. “Precisamos urgentemente de uma empresa de segurança. Sem vigilância, tudo o que aqui temos corre risco”, alertou.

Localizada no Largo das Escolas, no coração do Andulo, a mediateca móvel funciona desde 2020 e está equipada com 15 computadores, conteúdos áudio-visuais, mais de 500 materiais electrónicos e 100 livros físicos. O projecto, que nasceu para aproximar os jovens do saber e da tecnologia, vê-se agora em risco de se transformar numa estrutura-fantasma.