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Angola: Empresários enfrentam crise de divisas, inflação galopante e entraves burocráticos

O relatório Barómetro dos Gestores 2024, divulgado esta Quarta-feira pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal–Angola (CCIPA), em parceria com a PwC e a AICEP, apresenta um cenário alarmante para os empresários em Angola. A falta de acesso a divisas, a escalada da inflação e o labirinto burocrático são apontados como os principais obstáculos ao investimento no país, num contexto já marcado pela dependência do petróleo e pela fragilidade económica.

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Há 1 mês
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De acordo com o estudo, 93% dos gestores identificam a dificuldade de acesso a divisas como o maior entrave, seguida pela inflação e altas taxas de juro, destacadas por 70%, e pela excessiva burocracia, mencionada por 53%. Essas barreiras estão a travar o potencial económico de Angola, mesmo diante das oportunidades para investimentos sustentáveis em sectores estratégicos, como construção, imobiliário e indústrias transformadoras.

No que toca à gestão interna, a contratação de trabalhadores qualificados emerge como um dos maiores desafios. Segundo o relatório, o sistema educativo nacional ainda não é capaz de formar profissionais com competências adequadas às necessidades do mercado, e o processo para obtenção de vistos de trabalho para estrangeiros continua a ser um obstáculo quase intransponível.

A insatisfação não se limita à formação. Cerca de 70% dos gestores também destacam os atrasos nos pagamentos por parte de clientes como uma dor de cabeça recorrente, dificultando o fluxo de caixa e a operação das empresas. Apesar disso, 47% dos inquiridos mantêm expectativas de crescimento no volume de negócios para 2024, revelando uma resiliência notável em meio a tantas adversidades.

O relatório faz um apelo direto ao governo e aos reguladores: é urgente criar um ambiente mais favorável ao investimento, simplificar processos administrativos e implementar políticas que assegurem uma gestão eficiente das escassas divisas. Além disso, sublinha a necessidade de estratégias que reduzam a volatilidade política e promovam maior transparência, essenciais para atrair e reter investidores estrangeiros.

Em termos económicos, o pessimismo domina. Apenas 14% dos gestores acreditam numa recuperação significativa da economia angolana em 2024, enquanto 9% esperam melhorias no cenário global. O documento alerta ainda para o impacto da tecnologia e da cibersegurança nas operações empresariais, temas que se tornam cada vez mais cruciais num mercado em rápida transformação.

Embora o Barómetro conclua que Angola tem um potencial significativo para atrair investimentos, o sucesso está reservado apenas para aqueles capazes de enfrentar um ambiente desafiador, onde a coragem e a criatividade serão tão indispensáveis quanto o capital financeiro.

PONTUAL, fonte credível de informação.