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Presidência barra RTP e acusa canal de «tendenciosismo»

A Presidência da República decidiu afastar a RTP dos seus eventos oficiais, acusando a estação portuguesa de produzir “notícias tendenciosas” e ignorar uma decisão previamente comunicada. O caso, que já provocou reacções duras em Lisboa e Luanda, reacende o debate sobre os limites da liberdade de imprensa em Angola.

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A polémica ganhou contornos diplomáticos na terça-feira, quando uma equipa da RTP foi retirada da sala de imprensa do Palácio Presidencial, pouco antes de um encontro entre o Presidente João Lourenço e o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior. A estação televisiva protestou de imediato, acusando as autoridades angolanas de “acção selectiva e discriminatória”.

Em comunicado publicado esta sexta-feira na sua página oficial, a Presidência angolana explicou que a RTP foi informada, desde 15 de Abril, de que deixaria de ter acesso a eventos no Palácio. A emissora, porém, terá ignorado o aviso e apresentado-se como habitual no local, facto que levou à sua retirada.

“Não há precedente em que um órgão de comunicação angolano entre no Palácio sem estar autorizado. A RTP sabia que não constava da lista e decidiu forçar a entrada”, sustentou a nota, criticando o que considera ser uma “campanha de vitimização” por parte do canal público português.

A resposta não tardou. A RTP denunciou a exclusão como “um atentado à liberdade de imprensa” e lamentou também ter sido removida do grupo oficial do Centro de Imprensa da Presidência, canal usado para divulgar a agenda institucional.

O caso provocou reacções imediatas em Portugal. O Ministério dos Negócios Estrangeiros expressou “profundo respeito pela liberdade de imprensa” e transmitiu a sua “séria preocupação” às autoridades angolanas. A situação será tratada por vias diplomáticas.

Sindicatos de jornalistas dos dois países também se pronunciaram. Em Angola, o sindicato local pediu uma retratação por parte da Secretaria de Imprensa da Presidência e a reversão da medida.