0º C

23 : 01

“O Corredor do Lobito já não é só um mapa”, diz secretário de Estado dos Transportes

O secretário de Estado para os Transportes Terrestres afirmou no Bié que o Corredor do Lobito “já não é apenas um desejo ou uma perspectiva”, destacando que a infra-estrutura começou a gerar efeitos concretos no terreno.

Registro autoral da fotografia

Há 9 horas
2 minutos de leitura

“As coisas estão a acontecer”, afirmou Jorge Bengue, à margem da visita da comitiva de embaixadores da União Europeia (UE) às províncias do Huambo e Bié, que teve início na Terça-feira e termina esta Quinta-feira.

“Se antes falávamos de um desejo, de uma perspectiva, hoje estamos a falar de coisas concretas.”

A visita, liderada pela delegação da UE em Angola, percorreu alguns pontos destas províncias para avaliar o impacto do Corredor do Lobito, operado por um consórcio europeu composto pela Trafigura, Mota‑Engil e Vecturis, numa concessão de 30 anos com o governo angolano.

A infra-estrutura abrange o porto do Lobito, o Caminho de Ferro de Benguela (CFB) e os terminais logísticos ao longo da linha ferroviária de mais de 1300 quilómetros, que liga o litoral angolano à República Democrática do Congo, passando pelas províncias de Benguela, Huambo, Bié, Moxico e Moxico-Leste.

“Nós sempre pensamos nas várias infra-estruturas dos transportes que estão ao longo do Corredor do Lobito, sendo que uma delas, a principal, é o caminho-de-ferro de Benguela e o porto do Lobito, entre outras, que são catalisadores do desenvolvimento”, destacou o secretário de Estado.

Segundo o governante, começam a ser visíveis os efeitos da concessão em várias frentes.

“Estamos a ter hoje uma produção agrícola que não tínhamos há poucos anos, que começa a ganhar uma dimensão diferente. Estamos a ter empresas privadas a começarem a realizar investimentos ao longo do Corredor do Lobito nos vários segmentos do sector económico”, disse, reiterando: “São projectos, são acções que começam a dar alguns frutos”.

Além do transporte ferroviário, Jorge Bengue destacou o envolvimento da União Europeia e de outros parceiros internacionais em iniciativas de capacitação, apoio à produção local e financiamento de pequenos produtores.

“Temos também, por parte do nosso parceiro, a União Europeia, várias iniciativas voltadas para a educação, a formação dos produtores nacionais e não só. Temos iniciativas na óptica de financiamento dos vários investimentos que vão surgindo ao longo do Corredor do Lobito, principalmente as pequenas iniciativas na óptica de produção agrícola.”

Segundo o secretário de Estado, estes primeiros resultados são encorajadores. “Nada melhor que um começo desta forma”, afirmou.

O responsável citou como exemplo dos avanços no escoamento da produção agrícola o caso dos produtores de abacate no Huambo, que se preparam para a primeira grande exportação para a Europa no âmbito do Corredor do Lobito.

“Estamos a preparar a primeira grande exportação de abacate no âmbito do investimento que um consórcio de empresas dos Países Baixos entendeu, em parceria com o Ministério dos Transportes, realizar na província do Huambo, no sítio da Cáala”, adiantou.

Questionado sobre a demora no desembolso do financiamento da DFC (Corporação Financeira para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos, agência que apoia o sector privado) para a concessionária Lobito Atlantic Railway, Jorge Bengue afirmou que os constrangimentos resultam de procedimentos normais.

“Não é um financiamento aos Estados, as entidades a serem financiadas são os investidores privados que estão no Corredor do Lobito. Os financiamentos têm um ritual próprio e regra geral não são céleres”, vincou.

Apesar da morosidade, acredita que os fundos serão desbloqueados. “Há um trabalho necessário e uma paciência, às vezes, que temos que ter, porque há situações que nós compreendemos que resultam de ‘compliance’, de critérios das entidades financiadoras”.

O secretário de Estado sublinhou ainda que o impacto mais imediato do projecto já pode ser medido na vida dos produtores: “O facto de termos produtores que não sabiam como fazer a armazenagem, o transporte daquilo que produziam e, por via disso, uma percentagem muito grande da sua produção se deteriorava, hoje conseguimos testemunhar vários produtores a assumirem claramente que estão a produzir mais”, exemplificou.

Para Jorge Bengue, a visita dos embaixadores europeus é reveladora de que o Corredor do Lobito traz mais do que promessas: “Hoje, quando se visita o Corredor do Lobito, não visitámos apenas mapas e intenções — visitámos coisas concretas”.

C/VA, Lusa