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Cimeira tripartida em Luanda cancelada: Ruanda acusado de sabotar negociações de paz

A cimeira tripartida agendada para este Domingo, em Luanda, que visava encontrar soluções de paz para o leste da República Democrática do Congo (RDCongo), foi abruptamente cancelada, mergulhando as negociações em mais incertezas. O motivo? A delegação ruandesa recusou-se a participar no encontro, intensificando as tensões entre os países envolvidos.

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Há 1 semana
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De acordo com a presidência congolesa, o encontro teria iniciado com uma reunião privada entre Félix Tshisekedi, Presidente da RDCongo, e o seu homólogo angolano, João Lourenço, antes da inclusão das respetivas delegações. No entanto, o esperado Presidente do Ruanda, Paul Kagame, não compareceu, o que acabou por ditar o colapso da cimeira.

A presidência congolesa não poupou críticas, responsabilizando diretamente Kigali pela sabotagem do encontro. Segundo declarações publicadas na rede social X (antiga Twitter), a delegação ruandesa teria condicionado a sua participação ao diálogo direto entre a RDCongo e o grupo rebelde M23, uma proposta prontamente rejeitada pela parte congolesa.

Ruanda acusado de manter tropas em solo congolês
O principal objetivo da cimeira seria pôr fim às hostilidades no leste da RDCongo, exigindo a retirada das tropas ruandesas, acusadas de apoiar o M23, um grupo armado classificado como terrorista por Kinshasa. Embora o Ruanda continue a negar tais acusações, um relatório das Nações Unidas divulgado em Julho confirmou a presença de 3.000 a 4.000 soldados ruandeses a combater ao lado do M23, assumindo “de facto o controlo e a direção das operações”.

Segundo os investigadores da ONU, a intervenção militar do Ruanda foi decisiva para as conquistas territoriais do M23 entre Janeiro e Março de 2024. Por outro lado, o Ruanda acusa o exército congolês de colaborar com as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), um grupo rebelde fundado por responsáveis pelo genocídio de 1994.

Tentativas de acordo em Luanda falham mais uma vez
Na véspera da cimeira, uma reunião ministerial em Luanda já havia demonstrado sinais de fracasso, com as partes a divergirem sobre o desarmamento e acantonamento do M23. Apesar dos esforços de mediação angolana, liderados por João Lourenço, não foi possível alcançar um consenso.

Recorde-se que, em Julho deste ano, foi assinado em Luanda um cessar-fogo entre o exército congolês (FARDC) e o M23, mas o acordo tem sido repetidamente violado. Desde a reativação das atividades armadas do M23, em 2022, o grupo expandiu-se rapidamente, ameaçando a estabilidade da região e aproximando-se da estratégica cidade de Goma.

Paz cada vez mais distante no leste da RDCongo
A região oriental da RDCongo continua mergulhada num conflito que já dura décadas, alimentado por dezenas de grupos rebeldes e intervenções externas. Apesar da presença da missão de paz da ONU, as negociações de paz têm falhado repetidamente, enquanto a violência continua a causar estragos entre a população civil.

Com a anulação desta cimeira, a esperança de um acordo definitivo para pôr fim à violência no leste da RDCongo parece estar mais distante do que nunca.

PONTUAL, fone credível de informação.