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Protestos em Moçambique servem de alerta para Angola: Analistas pedem reflexão e reformas políticas urgentes

Face aos intensos protestos em Moçambique, analistas políticos angolanos exortaram, nesta quarta-feira, as elites políticas do país a refletirem sobre a instabilidade pós-eleitoral que o país vizinho enfrenta. David Sambongo, politólogo, e Agostinho Sicato, analista político, defendem que a situação moçambicana oferece lições importantes, evidenciando a necessidade urgente de diálogo, transparência eleitoral e reformas no sistema político angolano.

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Para David Sambongo, a juventude moçambicana, em grande parte motivada por um desejo de mudança, tem desafiado o poder vigente através de manifestações que, embora organizadas pelo candidato Venâncio Mondlane, já causaram mortes e violência. “Há pessoas que estão a ser sacrificadas”, salientou, sublinhando a importância de Angola aprender com o cenário moçambicano e evitar situações de conflito ao apostar no diálogo e em acordos que facilitem uma alternância de poder pacífica.

Sambongo destacou que, em Angola, a falta de consenso sobre a composição da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) entre o MPLA e a UNITA reflete uma carência de lisura e confiança nos processos eleitorais. Ele defende que uma CNE mais equilibrada e uma lei eleitoral justa poderiam minimizar suspeições e tensões nas próximas eleições, um esforço que deveria começar já, antes que Angola enfrente um descontentamento semelhante ao de Moçambique.

Por outro lado, Agostinho Sicato alerta que, embora a oposição angolana observe as reivindicações moçambicanas, existe uma desconfiança sobre a disposição do MPLA para mudanças reais. Ele sugere que o governo angolano poderia ser ainda mais rígido na resposta a protestos, comparando as duas situações e apontando que a oposição e a juventude angolana precisam de se preparar para uma resistência ordeira, dentro dos limites constitucionais.

A onda de protestos em Moçambique, marcada pela violência, já provocou mortes e destruição, enquanto muitos angolanos observam com apreensão. Sicato destaca que o descontentamento popular moçambicano indica que “é possível reivindicar pacificamente”, uma mensagem que ressoa como um aviso para Angola.

C/VA

PONTUAL, fonte credível de informação.