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ANGOLA NO TOPO DA DESILUSÃO DEMOCRÁTICA: Queda acentuada no apoio à democracia preocupa analistas

Angola é agora o terceiro país com menor apreço pela democracia entre 39 países africanos, segundo um relatório do Afrobarómetro. Apenas 47% dos angolanos preferem a democracia, enquanto a insatisfação com o sistema democrático atinge níveis alarmantes. A corrupção, a falta de responsabilização e eleições de baixa qualidade são apontadas como as principais razões para este declínio.

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Há 4 meses
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Num cenário preocupante para a democracia em África, Angola destaca-se negativamente como o terceiro país do continente onde os cidadãos têm menos apreço pela democracia. De acordo com o Afrobarómetro, apenas 47% dos angolanos manifestam preferência pela democracia sobre outros sistemas de governo, um dado que coloca o país entre os cinco com menores índices de apoio democrático.

O relatório, que analisa as percepções e experiências democráticas em 39 países africanos, revelou que a satisfação dos angolanos com a democracia é também uma das mais baixas do continente. Apenas 38% dos inquiridos consideram que Angola é uma democracia, completa ou com pequenos problemas, e somente 24% estão razoavelmente ou muito satisfeitos com o funcionamento do sistema democrático no país.

A lista de países onde a democracia é mais valorizada é liderada pela Zâmbia, onde 87% dos cidadãos preferem este sistema de governo. No outro extremo, o Mali fecha a lista, com apenas 39% dos inquiridos a escolherem a democracia. A África do Sul, por sua vez, registou a maior queda de apoio à democracia, com uma descida de 29 pontos percentuais em relação à década anterior.

O relatório do Afrobarómetro aponta vários fatores que contribuem para este descontentamento generalizado. Entre eles, destacam-se a corrupção endémica, eleições de baixa qualidade, impunidade para infratores e a falta de responsabilização presidencial. Em Angola, a melhoria marginal na satisfação com a democracia, que subiu de 17% para 24% entre 2019 e 2022, é considerada insuficiente para reverter o cenário negativo.

Os dados para Angola foram recolhidos através de inquéritos realizados entre 9 de fevereiro e 8 de março de 2022, com uma amostra representativa de 1.200 angolanos. As conclusões do estudo sublinham a necessidade urgente de fortalecer a integridade e a responsabilização no governo, bem como de assegurar a qualidade das eleições, para que o apoio à democracia possa ser revitalizado no país.

Enquanto os africanos em geral continuam a rejeitar governos autoritários, de partido único ou militares, a satisfação com a democracia está em queda acentuada em várias das principais democracias do continente, incluindo Angola. Para os especialistas, combater estas falhas políticas e nutrir a democracia devem ser prioridades não só para os governos africanos, mas também para os atores regionais e internacionais comprometidos com o fortalecimento da democracia no continente.

PONTUAL, fonte credível de informação.