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MPLA entra em 2026 sob pressão: sucessão aberta, tensões internas e país à beira do limite

Angola entra em 2026 sob um clima denso de incerteza política e tensão social, enquanto o MPLA se prepara para um congresso decisivo que definirá o sucessor de João Lourenço e poderá redesenhar o futuro político do país.

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Há 17 horas
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O partido no poder desde 1975 enfrentará, em Dezembro, o seu IX Congresso, momento em que deverá ser escolhida a figura que liderará a organização após o último mandato constitucional de João Lourenço. A sucessão promete acender disputas internas, sobretudo após o próprio Presidente defender uma renovação geracional, ideia que não agrada a todos os sectores e reacende o desgaste crescente da popularidade do MPLA.

Entre os militantes que demonstraram intenção de disputar a liderança destacam-se António Venâncio, Valdir Cónego, afastado recentemente do Comité Central, e o general Higino Carneiro, que enfrenta novos processos judiciais. O analista político Crispin Senga alerta que o país vive “um ano de enorme exigência”, criticando o que descreve como falhas na resposta governativa à pobreza, à falta de oportunidades e à limitação das liberdades fundamentais.

No tabuleiro político, a UNITA entra reforçada no novo ano, sustentada pelos 90 deputados eleitos em 2022 e pela reeleição expressiva de Adalberto Costa Júnior. O maior partido da oposição intensifica a pressão para a realização das autárquicas e movimenta-se para alianças que visam disputar o poder em 2027, num cenário que antecipa uma das batalhas eleitorais mais tensas da última década.

O plano económico acentua o ambiente de fragilidade: especialistas alertam para medidas “artificialmente expansionistas” e para a queda contínua da produção petrolífera, factor que poderá comprometer a execução do OGE 2026. O economista Agostinho Mateus defende disciplina fiscal e reformas profundas para alargar as receitas não petrolíferas, sob pena de o país enfrentar novos choques num contexto já delicado.

Com pressões internas, desafios económicos e expectativas eleitorais a convergirem, Angola prepara-se para um 2026 imprevisível, marcado por decisões que poderão definir a estabilidade ou o agravamento das tensões num país onde a juventude maioritária é descrita como uma “bomba-relógio social”.