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Director admite que repatriamento de activos torna-se o maior obstáculo na recuperação de bens ilícitos de Angola

Com o repatriamento de activos no centro das prioridades do Serviço Nacional de Recuperação de Activos (Senra), o novo director interino, Africano Gamboa, enfrenta um desafio colosal: trazer de volta ao país os bilhões desviados para o exterior.

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Tomando posse após a exoneração de Eduarda Rodrigues, Gamboa deixou claro que a estratégia atual foca-se em garantir que as nações estrangeiras colaborem, cumprindo os compromissos internacionais assumidos com Angola.

“Precisamos de uma abordagem focada no exterior, porque a maior parte dos recursos que pretendemos recuperar está fora do nosso alcance imediato,” declarou Gamboa. Embora o Senra continue a realizar actividades internas, o repatriamento de activos tornou-se, segundo o novo diretor, a maior urgência.

A exoneração de Eduarda Rodrigues, que conduzia o Senra desde a sua criação em 2018, veio acompanhada de críticas e acusações. A ex-diretora enfrentou resistência não só por parte de representantes judiciais, mas também de advogados, como no caso de Carlos São Vicente. Condenado por crimes de peculato, fraude fiscal e branqueamento de capitais, o empresário teria recusado as tentativas de Rodrigues em obter a entrega de seu património ao Estado. Além disso, um advogado de defesa moveu uma queixa-crime contra Rodrigues por alegado desvio de documentos probatórios, como noticiado anteriormente pela Lusa.

A substituição de Rodrigues, conforme declarações do Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Grós, é parte de uma nova estratégia para enfrentar os desafios crescentes no combate à corrupção e recuperação de activos. A necessidade de um “novo modus operandi” é vista como essencial para a eficácia do Senra, dada a complexidade e volume de bens desviados para o estrangeiro.

Este contexto coincide com o recente apelo do Presidente, que exige que países como Portugal devolvam ao Estado angolano quase dois mil milhões de dólares, recursos que o governo considera vital recuperar. As autoridades angolanas, frustradas com o ritmo lento da cooperação internacional, intensificaram a pressão por um compromisso mais forte, afirmando que os bens ilicitamente adquiridos pertencem ao povo e devem ser investidos na economia nacional.

PONTUAL, fonte credível de informação.