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Especialista afirma que Paul Kagamé está a travar esforços de paz na RDCongo sob mediação de Angola

A ausência de Paul Kagamé na cimeira tripartida de Luanda, no domingo, trouxe novas críticas ao Presidente do Ruanda, acusado pelo professor e analista de relações internacionais Osvaldo Mboco de ser um “elemento perturbador” na busca pela paz no leste da República Democrática do Congo (RDCongo). Segundo Mboco, Kagamé tem dificultado os avanços mediadores de Angola, liderados por João Lourenço, ao apresentar exigências de última hora, como conversações diretas entre a RDCongo e o grupo armado M23.

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Segundo Mboco, Kagamé tem dificultado os avanços mediadores de Angola, liderados por João Lourenço, ao apresentar exigências de última hora, como conversações diretas entre a RDCongo e o grupo armado M23.

“A ausência de Kagamé nesta cimeira, assim como em outras reuniões similares, reflete um padrão de desinteresse pelo processo de pacificação e uma tentativa de manter a influência do Ruanda sobre os recursos minerais da RDCongo”, afirmou o analista. Mboco também sublinhou que relatórios da ONU sustentam o envolvimento direto de tropas ruandesas nas atividades do M23, que frequentemente utiliza o território ruandês para reorganizar as suas forças.

O Governo ruandês, por sua vez, justificou o adiamento da cimeira alegando “questões críticas por resolver” e acusou as autoridades congolesas de fazerem ameaças. O foco principal das divergências está na exigência de negociações com o M23, ponto que não obteve consenso na reunião de sábado, apesar de o acordo estar “99% negociado”, segundo o ministro angolano das Relações Exteriores, Téte António.

João Lourenço, que assumirá a presidência da União Africana em fevereiro de 2025, reafirmou que a paz na RDCongo e em outros conflitos regionais estará no topo da sua agenda. No entanto, a falta de convergência entre as partes ameaça comprometer os esforços de mediação de Angola e a estabilidade da região dos Grandes Lagos.

Mboco alertou que sem cedências de ambos os lados, será difícil alcançar uma solução duradoura. “Num processo de negociação, ninguém pode ganhar tudo nem perder tudo”, destacou, enquanto enfatizava a urgência de um acordo que priorize a estabilidade e o desenvolvimento económico da região, deixando para trás práticas como a exploração ilegal de recursos.

A crise no leste da RDCongo, marcada pela presença de grupos armados, interesses externos e pilhagem de recursos, continua a ser um dos maiores desafios diplomáticos de África, exigindo compromissos que ainda parecem distantes.

PONTUAL, fonte credível de informação.