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Benguela adapta metodologias de Portugal para reintegração de crianças de rua

Benguela deu um passo decisivo na luta contra a exclusão infantil ao concluir, esta Sexta-feira, uma missão técnica a Portugal para recolher modelos de reintegração de crianças de rua. A província enfrenta mais de cinco mil menores em situação de vulnerabilidade e prepara agora um pacote de políticas públicas inspirado em práticas consolidadas pelo Instituto de Apoio à Criança (IAC).

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A vice-governadora para a área política, social e económica, Cátia Cachuco, liderou a delegação e admitiu que o número elevado de crianças em situação de rua deriva da combinação explosiva entre pobreza extrema, ruptura familiar, urbanização acelerada e impactos duradouros do conflito armado. A responsável garante que a viagem permitiu ganhar “precisão” sobre a complexidade do fenómeno e observar soluções aplicadas em território português.

Entre 17 e 21 de Novembro, a equipa angolana contactou linhas de apoio como a SOS Criança e Jovem e Criança Desaparecida, visitou centros comunitários em Lisboa e reuniu-se com técnicos do IAC, incluindo equipas do Projecto de Rua. A deslocação, inserida no Programa Diálogos UE-Angola e financiada pela União Europeia, enquadra-se na estratégia já aprovada pelo governo provincial, assente em cinco pilares: prevenção, integração, intervenção, conhecimento e cooperação.

Benguela pretende adaptar estas metodologias à sua realidade, adoptando medidas como a criação de linhas telefónicas de denúncia e protecção infantil, novos centros de acolhimento e respostas de proximidade. A vice-governadora reforça a ideia-chave retirada das visitas: “estar onde as crianças estão”, privilegiando a intervenção directa no terreno e não apenas a institucionalização.

O grande desafio, admite Cátia Cachuco, passa agora por reduzir os indicadores de pobreza familiar, mudar o paradigma de vida das crianças em risco e suprir a falta de técnicos especializados. Para garantir que o programa não volta a sofrer interrupções, o governo provincial aposta numa rede alargada de parceiros, incluindo sociedade civil, sector privado e instituições internacionais.

A vice-presidente do IAC, Matilde Sirgado, sublinha que o modelo português, ancorado em respostas comunitárias, prevenção e articulação com escolas e serviços públicos, poderá inspirar Benguela — desde que adaptado à cultura e ao contexto local. O objectivo final é claro: permitir que milhares de crianças vulneráveis reencontrem um caminho para a autonomia pessoal, social e profissional.