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EUA consideram que autárquicas são uma forma de fortalecer democracia em Angola

As eleições autárquicas são uma das formas através das quais Angola pode fortalecer a sua democracia, segundo a responsável norte-americana para as relações com África, salientando que há uma relação entre “uma boa governação e uma boa economia”.

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Há 2 semanas
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Em entrevista à Lusa no rescaldo da visita do Presidente Joe Biden ao país, Molly Phee disse que este foi um dos temas em torno da democracia e dos direitos humanos que foram abordados com o chefe de Estado João Lourenço na reunião que os dois líderes mantiveram na Terça-feira no Palácio Presidencial.

“Foram discutidos muitos tópicos, foi um encontro longo. E o Presidente Biden falou sobre a democracia – e também o fez publicamente –, que é um processo difícil, mas importante, e que devemos acarinhá-lo. Falou das formas como os Estados Unidos estão a tentar fortalecer a sua democracia e das formas como Angola pode fortalecer a sua democracia, em particular impulsionando as eleições autárquicas”, referiu.

Os temas foram igualmente abordados na embaixada norte-americana com activistas que expressaram as suas maiores preocupações em Angola”, disse a secretária Adjunta de Assuntos Africanos do Departamento de Estado dos EUA.

“E eu acho que a liderança angolana reconhece o que vemos aqui e em outros lugares do mundo, que há uma relação crítica entre uma boa governança e uma boa economia”, reforçou.

Molly Phee reafirmou as mensagens transmitidas por Biden durante a visita de 72 horas a Angola, que teve como ponto central o Corredor do Lobito e mostrou-se confiante de que os benefícios mútuos desta infra-estrutura serão também claros para a próxima administração e que os investimentos anunciados pelo Presidente norte-americano vão ter continuidade.

A visita aconteceu a poucas semanas do democrata Biden deixar a Casa Branca, onde será substituído pelo republicano Donald Trump.

“Toda a gente vê o valor do desenvolvimento económico. Todos os africanos conhecem e reconhecem a importância das infra-estruturas para melhorar suas economias e gerar empregos”, destacou Molly Phee, realçando o papel do investimento do sector privado americano como alternativa às armadilhas da dívida.

A principal responsável da diplomacia americana para África mostrou-se, por isso, convicta de que o sucessor de Biden não vai travar os milhões de dólares anunciados.

“Os Estados Unidos são há muito tempo os maiores doadores de ajuda humanitária a nível global, incluindo em África. Esta é uma tradição orgulhosa que é partilhada entre os republicanos e os democratas. Estou confiante de que o valor dos investimentos serão evidentes para quem quiser rever estes projectos”, vincou.

Molly Phee adiantou ainda que Biden teve oportunidade de se encontrar com membros da sociedade civil antes do seu discurso no Museu da Escravatura e viajou para Angola acompanhado de activistas da sociedade civil afro-americana e membros do Congresso e do sector privado.

“Os EUA acreditam muito no poder de grupos não-governamentais e no importante papel das suas advocacias”, afirmou, frisando que Biden quis celebrar essa faceta da sociedade política e recomenda o mesmo para Angola.

A diplomata rejeitou assim que a visita tenha sido meramente focada nos negócios, garantindo que a preocupação de Biden é o impacto que o Corredor do Lobito tem nos angolanos e na região.

“Biden e o Presidente João Lourenço partilham a crença de que a infra-estrutura é necessária para gerar bons empregos e ajudar as pessoas a melhorar as suas vidas. Por isso eu acho que é injusto dizer que ele não está interessado nas pessoas”, enfatizou.

Sobre o Corredor do Lobito, considerou que vai mudar as vidas de milhares de pessoas, tal como os restantes projectos na área da energia solar e produtividade agrícola e minerais.

A responsável diz que se trata de abordagens distintas das que se faziam anteriormente, com foco no trabalho conjunto entre o sector privado e o sector público e no apoio ao governo de Angola para que a realização de contratos se faça de forma transparente.

“Acho que é o que o Presidente Lourenço quer também. Ele quer garantir que os recursos de Angola sejam usados para desenvolver o país”, salientou.

Sobre um eventual mau uso dado às verbas destacou que na Quinta-feira foram assinados acordos em que a agência norte-americana USAID vai fornecer assistência técnica aos Ministério da Indústria e do Comércio e ao Ministério dos Transportes para adoptarem procedimentos transparentes e concorrenciais na contratação pública.

“Esse é um exemplo de uma nova maneira de fazer negócios que estamos a tentar promover com o apoio de Angola (…) Acho que é algo que os angolanos querem, querem fazer negócio de uma forma diferente e nós queremos apoiá-los”, realçou.

Afirmou também que os EUA estão interessados numa parceira genuína com os seus “amigos africanos” que precisam de investimentos em infra-estruturas e precisam de capital.

Questionada sobre a diferença norte-americana face aos investimentos chineses em África disse que tem a ver com o modelo de financiamento, já que os EUA trazem diferentes parceiros para mobilizar o capital, com envolvimento do sector privado “que é um modelo alternativo ao modelo simplesmente extractivo”.

C/VA

PONTUAL, fonte credível de informação.