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Governo instala centros de tratamento para conter surto de cólera em Cacuaco

O Governo, através da ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, anunciou esta segunda-feira a implementação de postos de reidratação e centros de tratamento da cólera nos bairros mais afetados pela doença, com foco no município de Cacuaco, em Luanda, o epicentro do surto que já provocou 18 mortes desde o início do ano.

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Há 17 horas
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Durante uma visita ao local, Sílvia Lutucuta apelou às famílias que procurem assistência médica logo nos primeiros sinais da doença – vómitos intensos e diarreia aquosa – para evitar óbitos, sublinhando a importância do envolvimento comunitário na prevenção e no combate à epidemia.

Estratégia de resposta: postos e centros de tratamento

Com 224 casos notificados, dos quais 32 confirmados, o Governo definiu uma abordagem de proximidade, instalando postos de reidratação oral nos bairros Paraíso e Belo Monte, locais onde os doentes enfrentam dificuldades em chegar aos hospitais.

“Alguns doentes não estão a chegar ao hospital e acabam por morrer na comunidade; outros chegam muito tarde, com sinais de desidratação grave. Não queremos óbitos nem na comunidade nem nos hospitais”, afirmou a ministra, reforçando a necessidade de tratar a doença precocemente.

Para os casos mais graves, será instalado um centro de tratamento no Cacuaco com capacidade para 100 camas e funcionamento 24 horas por dia, permitindo uma resposta mais célere e eficaz.

Condições precárias e novas medidas no bairro Paraíso

No bairro Paraíso, que regista metade dos casos e seis das 18 mortes, a situação é agravada pela falta de água canalizada e saneamento básico. Sílvia Lutucuta revelou que a proximidade entre os tanques enterrados e as latrinas aumenta o risco de contaminação, razão pela qual será adotada uma nova estratégia.

Os tanques subterrâneos serão substituídos por tanques à superfície, e a entrada do bairro contará com um posto de tratamento de água, além da restrição de acesso a outras fontes de abastecimento inseguras.

“Temos de melhorar o saneamento e o abastecimento de água potável, mas a prevenção começa nas famílias e na comunidade”, destacou a ministra, apelando ao uso de água fervida e ao reforço da ingestão de líquidos.

Mobilização comunitária e desafios logísticos

Reconhecendo que a distância até às unidades sanitárias representa um obstáculo, Sílvia Lutucuta enfatizou a importância da mobilização comunitária para garantir que os doentes cheguem a tempo aos postos de saúde.

“Notamos que a distância ainda é grande, mas com as equipas médicas disponíveis 24 horas e a instalação de tendas nos bairros mais afetados, esperamos evitar deslocações longas e reduzir os óbitos”, afirmou.

A ministra destacou ainda que a cólera, sendo altamente contagiosa e potencialmente letal sem tratamento, exige uma resposta conjunta e rápida, envolvendo as autoridades de saúde e as comunidades na mitigação dos riscos.

Com estas medidas, o Governo procura conter o surto e evitar um agravamento da situação sanitária, numa altura em que o país enfrenta o desafio de equilibrar a resposta emergencial com a necessidade de investimentos estruturais em saneamento e água potável.

PONTUAL, fonte credível de informação.