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Obras condicionam peregrinação à Muxima e alteram tradição do maior evento religioso do país

A peregrinação ao Santuário da Nossa Senhora da Conceição da Muxima, marcada para os dias 5 a 7 de Setembro, inicia-se este ano num cenário inédito: obras de requalificação na vila obrigaram a deslocação do recinto e reduziram a presença antecipada de peregrinos, que habitualmente enchiam a localidade dias antes do arranque oficial.

Registro autoral da fotografia

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O evento, que todos os anos mobiliza fiéis de várias províncias e da diáspora, será realizado a cerca de 500 metros do espaço habitual, num terreno situado diante das obras da futura administração municipal. No local, até à véspera da abertura, não havia montagem de palcos ou tendas, apenas a instalação de iluminação pública e de uma antena de telecomunicações.

As obras também mudaram um dos momentos mais simbólicos da romaria: a chegada da imagem da “Mamã Muxima”. Em vez de vir de barco pelo rio Kwanza, como é tradição, a imagem será transportada de carro desde a capela da Cabala, devido às dificuldades de ancoragem junto ao novo recinto.

A presença de peregrinos tem sido notoriamente inferior à de anos anteriores, segundo a Administração Municipal da Quiçama. Em edições passadas, nesta altura, a vila já estava ocupada por tendas, barracas e milhares de devotos em vigília, o que contrasta com o ambiente mais discreto vivido este ano.

As condições de acesso também estão a ser afectadas. Estão em curso trabalhos de reabilitação em 20 quilómetros do troço Catete-Muxima, o que levou à criação de uma rota alternativa até à vila de Caxicane. Parte do percurso apresenta irregularidades, com circulação em serpentina e visibilidade reduzida pelo capim alto, exigindo maior cautela dos condutores.

Apesar dos constrangimentos, o lema escolhido para a edição de 2025 “Com Maria Caminhemos na Esperança” sublinha o espírito de perseverança dos fiéis. Mais de mil efectivos da Polícia Nacional foram destacados para assegurar a ordem e a segurança durante os três dias da romaria.