0º C

04 : 35

Odebrecht renasce das cinzas e volta a assinar contratos milionários em Angola

Depois de um dos maiores escândalos de corrupção, a construtora brasileira Odebrecht renasceu em Angola com outro nome, mas com a mesma influência. Rebatizada como OEC (Odebrecht Engenharia & Construção) e posteriormente integrada na holding Novonor, a empresa manteve-se entre as gigantes da construção no país, assegurando contratos milionários com o Estado angolano, mesmo após a sua queda em lástima mundial.

Registro autoral da fotografia

Há 23 horas
2 minutos de leitura

A mudança de identidade ocorreu em 2019, no auge das revelações da Operação Lava Jato, que expôs uma rede de subornos e tráfico de influências em vários países da América Latina e de África. A marca “Odebrecht” tornou-se então sinónimo de corrupção, levando a administração a apostar numa operação de rebranding apresentada como uma tentativa de “virar a página”.

Apesar do novo nome e do discurso de transparência, a estrutura interna e o know-how da empresa permaneceram praticamente intactos. O resultado foi imediato: sob a sigla OEC, a construtora continuou a conquistar projectos estratégicos em Angola, país onde opera há várias décadas e detém forte presença no sector das obras públicas.

Entre os contratos de maior destaque figuram:

Terminal Oceânico da Barra do Dande, essencial para o reforço da capacidade logística e energética do país;

Refinarias de Cabinda e do Lobito, consideradas cruciais para o aumento da produção nacional de combustíveis;

Aeroporto Internacional de Cabinda, uma das obras mais emblemáticas da região norte.

Em Setembro de 2021, a Sonangol adjudicou à OEC a construção de um terminal marítimo de grande porte, consolidando a confiança do Estado angolano na capacidade técnica da empresa, apesar do seu passado controverso.

Contudo, num gesto surpreendente, em Maio de 2025, a companhia anunciou o regresso ao nome Odebrecht Engenharia & Construção, sinal de que considera superada a fase mais sombria da sua história. A decisão é interpretada por analistas como um movimento calculado para recuperar o prestígio da marca, que, apesar das polémicas, ainda detém forte capital simbólico no sector da engenharia pesada.

A empresa justifica as alterações como parte de um processo de reestruturação interna e reforço das políticas de compliance, mas críticos vêem na estratégia uma manobra pragmática para manter a presença no mercado angolano sem perder os contratos públicos que sempre sustentaram a sua operação.