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Burundi corta fronteira com a RDC após avanço chocante do M23

O Burundi encerrou abruptamente a fronteira com a República Democrática do Congo (RDC) depois de forças do M23, apoiadas pelo exército do Ruanda, avançarem para posições consideradas estratégicas junto de Bujumbura, a capital económica burundesa. Os acessos de Gatumba e Vugizo foram imediatamente declarados “zonas militares”, elevando a tensão na região dos Grandes Lagos.

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Fontes militares burundesas confirmaram que o fecho dos postos fronteiriços aconteceu na tarde de terça-feira, após o M23 assumir o controlo dos principais pontos de Uvira, no Kivu Sul. A ofensiva é vista por Bujumbura como um duro revés diplomático para Washington, poucos dias depois de um acordo internacional que prometia estabilizar a região.

As autoridades do Kivu Sul divulgaram um primeiro balanço devastador: mais de 400 civis mortos, incluindo mulheres e crianças, em confrontos descritos como dos mais violentos dos últimos anos. Muitos feridos foram transferidos para Bujumbura antes do encerramento da fronteira, numa tentativa de os afastar de possíveis represálias.

No terreno, organizações humanitárias alertam para uma crise iminente. Uvira está sem água e electricidade há vários dias e necessita urgentemente de medicamentos, alimentos e equipas médicas. Parte do material chegou ao Burundi, mas permanece bloqueado, sem autorização para entrar na RDC devido ao cerco militar.

A Comissão Europeia advertiu esta quarta-feira que os novos combates ameaçam “comprometer seriamente” o acordo de paz firmado a 4 de Dezembro entre Kinshasa e o Ruanda nos Estados Unidos, numa cerimónia mediada pelo presidente americano Donald Trump e testemunhada pelo líder da União Africana, João Lourenço.

A escalada em Uvira, situada a escassos 20 quilómetros de Bujumbura, reacende receios de um conflito de dimensão regional, à medida que o M23 e aliados ruandeses se aproximam perigosamente da fronteira burundesa, transformando a margem norte do Lago Tanganica num ponto crítico de instabilidade.