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País não vai produzir cerveja nos próximos dias: trabalhadores do grupo Castel entram em greve nacional

Mais de 3.500 funcionários prometem três dias de paralisação nas principais províncias do país. Sindicato acusa a direcção da empresa de “inflexibilidade total” nas negociações.

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O grupo francês Castel, gigante da indústria de bebidas em Angola, enfrenta uma greve nacional entre 17 e 19 de Novembro, após o fracasso das negociações salariais com os seus mais de 3.500 trabalhadores. A paralisação foi aprovada em assembleias gerais realizadas nas províncias de Luanda, Benguela, Huíla, Cabinda e Huambo, anunciou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Bebidas e Similares.

Segundo José Rufino, secretário para a organização sindical, a greve resulta da “intransigência do patronato” em aceitar as reivindicações constantes de um caderno com 19 pontos. “Reduzimos a proposta de aumento salarial de 28 para 24 por cento, mas a administração insiste em fixar-se nos 18 por cento. Não houve qualquer sinal de abertura ao diálogo”, lamentou.

Apesar da tensão, o sindicalista sublinhou que o sindicato mantém disponibilidade para negociar até ao último momento. “A greve não é motivo de satisfação. Sabemos o impacto que tem num grupo desta dimensão, mas os trabalhadores não podem continuar a perder poder de compra”, afirmou, acrescentando que apenas uma das fábricas do grupo optou por continuar a dialogar.

Durante os três dias de paralisação, serão assegurados serviços mínimos nas áreas consideradas críticas, como a sala de máquinas, fermentação, laboratório, higiene e segurança no trabalho, e posto médico, para evitar danos estruturais na produção.

Além do aumento salarial, os trabalhadores exigem a preservação dos direitos adquiridos, a revisão da grelha salarial e a melhoria das condições laborais. “As nossas reivindicações são legítimas e têm mandato das assembleias. Não vamos desistir”, reforçou Rufino.

O grupo Castel opera em Angola desde 1994, altura em que assumiu a gestão da Fábrica da Cuca. Em duas décadas, expandiu a sua presença com a criação e aquisição de unidades como a SOBA, NOCAL, EKA, CERBAB e COBEJE, consolidando-se como o maior produtor de cerveja do país.