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Zimbabué adopta nova moeda para lutar contra a inflação galopante

O Zimbabué, mergulhado numa grave crise económica nestes últimos 20 anos, anunciou ontem a adopção de uma nova moeda chamada “ZiG” Zimbawe Gold (Ouro do Zimbabué) e a substituição do actual Dólar do Zimbabué, para tentar combater a hiperinflação e estabilizar a economia do país.

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Há 9 meses
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Com uma inflação rondando oficialmente os 55% depois de esta taxa ter atingido três dígitos no ano passado, o governador do Banco Central do Zimbabué, John Mushayavanhu, anunciou nesta sexta-feira a substituição do Dólar do Zimbabué pelo “ZiG”, uma medida que visa favorecer a “simplicidade, a confiança e a previsibilidade” financeira do país segundo este responsável.

Os cidadãos do Zimbabué têm agora 21 dias para trocar a moeda antiga contra o ZiG, as autoridades tendo igualmente anunciado uma queda drástica das taxas de juros de 130% para 20%.

Em 2008, a inflação galopante destruiu a poupança e derrubou a economia do Zimbabué ao ponto que os preços dos bens de consumo mudavam várias vezes por dia. A situação chegou ao cúmulo de o país adoptar durante um curto período o Dólar americano como moeda oficial, antes de regressar rapidamente em 2019 ao Dólar zimbabueano sem contudo restabelecer a confiança.

No ano passado, a moeda local perdeu praticamente 100% do seu valor em relação ao Dólar americano. Daí que os preços dos bens e serviços continuam a ser fixados em Dólares americanos, sendo que a maioria da população prefere igualmente ser paga nessa moeda.

A chegada da nova moeda não restitui automaticamente o optimismo. Apesar de o Zimbábue ter em mãos importantes reservas de ouro e outros metais preciosos, especialistas duvidam que sejam suficientes para sustentar a nova moeda em caso de volatilidade do preço do ouro.

No passado mês de Fevereiro, ao cabo de uma missão de duas semanas no país, o Fundo Monetário Internacional anunciou que este país cuja maioria dos 16 milhões de habitantes vive na pobreza, iria conhecer uma desaceleração do seu crescimento económico da ordem dos 3,25 % em 2024.

O FMI explicou esta previsão pela volatilidade dos preços das matérias-primas e também pelas alterações climáticas que têm impacto na produção agrícola.

Na passada quarta-feira, o Presidente do Zimbabué declarou que o país estava em Estado de “catástrofe nacional”, devido à seca, de modo a desbloquear os recursos excepcionais necessários para que cerca de 2,7 milhões de zimbabueanos particularmente fragilizados não enfrentem situações de insegurança alimentar.