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“É uma vergonha”: médico canadiano denuncia falta de domínio das línguas nacionais por clínicos angolanos

O cirurgião canadiano Stephen Foster, com quase meio século de serviço em Angola, lançou um alerta contundente: considera “uma vergonha” que muitos médicos não dominem nenhuma das línguas nacionais, situação que, no seu entender, afasta os doentes e fragiliza o atendimento nas zonas rurais.

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Foster defende a introdução de formação específica para os profissionais de saúde, de modo a garantir comunicação directa com os pacientes que não utilizam o português no dia-a-dia. O médico, que fala algumas línguas locais, afirma que a inclusão começa na forma como o doente é ouvido e respeitado.

Recentemente homenageado pelo Governo Provincial da Huíla, no âmbito dos 50 anos da independência, e anteriormente distinguido pelo Presidente da República, o cirurgião vê nas distinções o reconhecimento de um percurso dedicado ao reforço da medicina em Angola.

Apesar da homenagem, Stephen Foster avisa que “o trabalho em Angola está apenas no início”. Aponta dificuldades persistentes no acesso a cuidados de saúde, com metade da população ainda fora de serviços de qualidade, e identifica o capital humano como um dos maiores desafios para o sector.

O médico revela o sonho de um país com igualdade de cidadania, promessas cumpridas e um sistema de saúde virado para a prevenção. Afirma que deseja “uma Angola onde se pratica o que se fala”, com profissionais melhor preparados para servir as comunidades.

Conhecido no Lubango como “Dr. Estêvão”, Foster vive em África há seis décadas. Chegou à Huíla em 1978, depois de um período no Huambo, e afirma sentir-se angolano desde 1971. Dois dos seus filhos nasceram em Angola e, actualmente, exerce as funções de director clínico do Centro Evangélico de Medicina do Lubango.