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FRACASSO DO PRODESI: Produtos da diversificação valem apenas 0,3% das exportações angolanas

Após seis anos, o Programa de Diversificação Económica PRODESI continua a desiludir. Enquanto as importações atingem 11,7% do total, as exportações são insignificantes. Especialistas clamam por uma transformação estrutural urgente.

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Há 5 meses
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Seis anos após a implementação do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), os resultados continuam aquém das expectativas. No primeiro semestre deste ano, os produtos exportados no âmbito deste programa atingiram apenas 51,2 milhões USD, representando uma queda de 4% face ao período homólogo e um irrisório 0,3% do total das exportações angolanas.

O decreto presidencial n.º 23/19 de 14 de Janeiro estabeleceu 55 produtos prioritários no âmbito do PRODESI. No entanto, as exportações destes produtos continuam marginalizadas. Desde 2020, quando a Administração Geral Tributária (AGT) iniciou a compilação de dados, houve um crescimento de 106%, mas partindo de uma base extremamente baixa, com apenas 24,8 milhões USD exportados no primeiro semestre daquele ano.

Os principais produtos exportados incluem embalagens de vidro, sumos e refrigerantes, e clínquer. No entanto, as exportações de vidro caíram 18%, para 10,8 milhões USD, enquanto os sumos e refrigerantes triplicaram para 5,1 milhões USD. O clínquer viu uma queda de 56%, exportando apenas 4,9 milhões USD no mesmo período.

Apesar do crescimento modesto, a importação de produtos PRODESI ainda representa 11,7% do total das compras externas de Angola, com 794,0 milhões USD importados no primeiro semestre. Este valor reflecte uma queda de 5% em relação ao ano anterior. Entre os produtos mais importados estão o arroz, a carne de frango e o açúcar, com variações significativas nas suas importações.

Fernandes Wanda, investigador económico, criticou o fraco desempenho do PRODESI, sublinhando a necessidade de uma verdadeira transformação estrutural. “Angola precisa deixar de exportar essencialmente bens primários e focar-se na transformação estrutural da sua economia. Serviços de telecomunicações, internacionalização de empresas de construção e processamento de rochas ornamentais antes da exportação poderiam proporcionar um maior impacto económico”, afirmou.

Os especialistas concordam que a diversificação económica é um processo longo e contínuo. A dependência de Angola nas importações de bens de consumo corrente e a inflação alta resultam da desvalorização do kwanza face ao dólar e da procura interna superior à oferta. Programas como o PRODESI e medidas fiscais têm sido desenvolvidos pelo Executivo, mas os resultados permanecem abaixo do esperado, com a inflação a persistir.

Enquanto o país luta para equilibrar a balança comercial e fomentar a produção nacional, a realidade demonstra que há muito a fazer para que Angola alcance uma verdadeira diversificação económica e reduza a dependência de importações, cumprindo assim os objectivos traçados pelo PRODESI.

PONTUAL, fonte credível de informação.