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Incluindo Manuel Homem: Os cincos últimos governadores de Luanda não se preocuparam com a iluminação das estradas

Estradas escuras de Luanda colocam vidas em risco há anos, enquanto sucessivos governadores ignoram a urgência da iluminação pública.

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Há 2 meses
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A falta de iluminação nas principais estradas de Luanda tornou-se um problema crónico que tem ceifado vidas e gerado insegurança para pedestres e automobilistas. Dos últimos cinco governadores da província, nenhum colocou a iluminação pública como prioridade, deixando a cidade mergulhada numa escuridão que se traduz em mortes e acidentes diários. A população questiona como é possível que, após tantas mudanças na liderança, o problema permaneça ignorado.

Nos últimos anos, os relatos de acidentes fatais em avenidas como a Fidel Castro, Deolinda Rodrigues, 21 de Janeiro e Pedro de Castro multiplicaram-se. Nestas vias, a falta de visibilidade transforma qualquer tentativa de conduzir ou atravessar a rua à noite numa missão perigosa. “Há cerca de seis meses, perdi o meu irmão num atropelamento na Via Expressa. Estava a regressar do trabalho e, devido à falta de iluminação, o condutor não o viu a tempo. É desolador saber que esse tipo de tragédia pode ser evitado com uma solução tão simples”, conta Helena Amaro, residente de Cacuaco.

Os automobilistas, que enfrentam diariamente o perigo de circular por estradas mal iluminadas, também se queixam das consequências deste abandono. “Conduzir à noite é um verdadeiro pesadelo. Os buracos não são visíveis, os peões surgem do nada, e qualquer descuido pode ser fatal. A Via Deolinda Rodrigues, por exemplo, parece um túnel sem fim, e já assisti a vários acidentes que poderiam ter sido evitados”, lamenta Rui Matias, motorista há 15 anos na capital.

Os números de acidentes por falta de iluminação são alarmantes, e as consequências vão além das mortes e feridos. O impacto psicológico sobre os motoristas e os pedestres é devastador. “Há um medo constante de atravessar as estradas à noite. Não temos a certeza se o próximo carro vai parar ou se nos verá a tempo. Vivemos com medo”, afirma Maria Borges, moradora da Avenida 21 de Janeiro.

Os cidadãos questionam por que razão a iluminação das estradas continua fora da agenda dos governadores. “Ao longo dos anos, ouvimos promessas de reformas, modernizações e melhorias nas infraestruturas, mas a iluminação pública nunca parece fazer parte dessas prioridades. Até quando vamos continuar a perder vidas por causa deste descaso?”, questiona José Pedro, activista comunitário.

Enquanto a cidade cresce, o problema da falta de iluminação permanece como um dos maiores desafios à segurança rodoviária, e as vozes que clamam por soluções tornam-se cada vez mais difíceis de ignorar. A esperança é que o próximo governador trate a questão com a urgência que ela merece, antes que mais vidas sejam perdidas.

PONTUAL, fonte credível de informação.