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Instituto Oftalmológico atende 1.719 pacientes desde Janeiro deste ano

Um total de 1.719 pessoas foram atendidas com Glaucoma, de Janeiro até a presente data, no Instituto Oftalmológico Nacional (IONA), revelou, quarta-feira, em Luanda, a médica oftalmologista Isabel Cauênde.

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Há 9 meses
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Em entrevista ao Jornal de Angola, por ocasião da Semana Mundial do Glaucoma, que decorre de 10 a 16 deste mês, a especialista da área de Oculoplástica e Oncologia ocular acrescentou que, durante o ano passado, o IONA foram atendidas 8.711 casos da doença, mais frequente em cidadãos acima dos 40 anos.

Isabel Cauênde disse que, actualmente, o glaucoma ocupa o quarto lugar na lista de doenças mais frequentes naquela unidade de saúde, depois das cataratas, ametropias e transtornos da conjuntiva(membrana que reveste a pálpebra e se retrai para cobrir a esclera, a camada fibrosa resistente e branca que cobre o olho, até à extremidade da córnea, a camada transparente na frente da íris e da pupila).

A médica lamentou o facto de que muitos cidadãos recorrem à unidade sanitária num estado muito avançado da doença, e outros, até, já cegos. “Nos casos em que os cidadãos vêm ao hospital já com a perda de visão, infelizmente não conseguimos reverter a situação, porque o glaucoma não tem cura”, alertou.

O glaucoma, explicou, é uma doença crónica, hereditária e irreversível, caracterizada pela alteração do nervo óptico, ao ponto de causar danos irreversíveis nas fibras nervosas e a perda da visão. “É uma doença que se manifesta de forma assintomática, totalmente silenciosa e pode ser contraída sem causas aparentes ou questões externas como hábitos sociais ou laborais”, disse.

Apesar de os cidadãos com idade acima dos 40 anos serem os mais afectados, salientou a médica, há, igualmente, o registo de crianças e até de bebés que nascem com glaucoma. A raça negra, sublinhou, é a mais afectada a nível mundial.

Diagnóstico precoce

Por ter na sua essência uma base genética, não existem medidas específicas para a prevenção do glaucoma. Por isso, a médica oftalmologista aconselhou a sociedade a recorrer às consultas de oftalmologia, mesmo sem o surgimento de alguma sintomatologia ocular.

O objectivo, disse, é fazer o rastreio. “É importante que todo o indivíduo faça, pelo menos, uma consulta de Oftalmologia anualmente, de forma a prevenir as patologias oculares, sobretudo as que levam à cegueira”, aconselhou Isabel Cauênde.

Por este motivo, informou, existe, a nível do Instituto Oftalmológico Nacional, um programa de triagem que permite fazer o diagnóstico aos familiares próximos dos pacientes com glaucoma, de forma a prevenir eventuais casos e dar início ao tratamento de forma atempada. “Por se tratar de uma doença hereditária, testamos os familiares do primeiro e do segundo grau porque têm muitas probabilidades de desenvolver glaucoma”, informou.

Segundo Isabel Cauênde, apesar de o glaucoma ser uma doença que não tem cura, se for diagnosticada precocemente e tratada atempadamente, o indivíduo pode ter uma boa qualidade de vida e evitar a cegueira.

Factores de risco

Outros factores de risco, a destacar. são a idade avançada, as doenças cardiovasculares, diabetes, a miopia moderada, o uso prolongado de certos medicamentos e o tabagismo.

A especialista da área de Oculoplástica e Oncologia ocular informou quetodo o paciente diagnosticado com glaucoma ou outra patologia ocular, no Instituto Oftalmológico Nacional, recebe os medicamentos de forma gratuita. “Neste momento, temos fármacos suficientes para distribuir aos pacientes, que fazem o levantamento na nossa unidade sanitária de forma regular, porque o tratamento é para a vida toda”.

A principal recomendação para quem vive com a doença, disse, é o cumprimento rigoroso do tratamento prescrito e o controle médico regular. Acrescentou que, diariamente, no IONA, cerca de 250 a 300 pacientes são atendidos e diagnosticados com diversas patologias oculares.

Semana Mundial do Glaucoma

A Semana Mundial do Glaucoma foi criada para informar as pessoas sobre a existência da patologia e consciencializá-las a fazer o rastreio para o tratamento precoce da doença.

O Instituto Oftalmológico Nacional (IONA), em colaboração com o Governo Provincial do Namibe, está a levar a cabo uma campanha de rastreio e cirurgias às cataratas. “Anteriormente, realizávamos as campanhas em Luanda, mas achou-se necessário estender para as demais províncias, de forma a levar os serviços de saúde ocular junto das comunidades, uma actividade que será estendida para outros pontos do país”, esclareceu a médica.

A campanha prevê atender mais de 500 pessoas, que já constam do rastreio, e operar cerca de 200 pacientes com cataratas, numa média de 50 a 60 por dia.

No primeiro dia, foram realizadas 47 cirurgias às cataratas, das mais de 200 previstas. As cirurgias estão a ser feitas no hospital municipal do Saco-Mar, na cidade de Moçâmedes, capital do Namibe.

Segundo a directora nacional do Instituto Oftalmológico de Angola, Luísa Paiva, a campanha tem o objectivo de expandir o tratamento das doenças oculares aos pacientes incapazes de chegar à capital do país, com ênfase para os portadores de cataratas e capacitar técnicos locais para o acompanhamento dos casos registados.

“Foi lançado um desafio ao IONA durante o ano passado e, após a anuência da ministra da Saúde, decidimos sair da nossa área de conforto para atender, pela primeira vez, fora de Luanda, pacientes com doenças oculares que inspiram cuidados e melhor tratamento”, sublinhou.

A actividade, acrescentou, decorre no âmbito da Semana Mundial do Glaucoma, que vai de 10 a 17 deste mês.

Luísa Paiva acrescentou que a missão dos especialistas provenientes de Luanda é divulgar o impacto e consequências das patologias oculares na vida das pessoas, com maior realce para o glaucoma.