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Mortes por fome e malnutrição em Cabinda: Dados do Governo encobre catástrofe humanitária

Apesar dos relatos oficiais que apontam para uma redução significativa nas mortes por malnutrição em Cabinda, a população local denuncia que a situação é bem mais grave, com inúmeras vidas humanas a serem ceifadas diariamente. O nível de vida continua a degradar-se, e muitos questionam as declarações das autoridades de saúde da província.

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Há 3 meses
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O director-geral do Hospital Provincial de Cabinda (HPC), Pombalino de Oliveira, afirmou no último sábado, durante uma visita da governadora Suzana de Abreu, que o serviço de nutrição da pediatria tem contribuído para a diminuição das mortes infantis por malnutrição. Contudo, a população, indignada, desmente a eficácia dessas medidas, alegando que os números apresentados não refletem a dura realidade vivida no terreno.

Durante a visita, a governadora de Cabinda avaliou os serviços de saúde prestados pelo hospital e distribuiu alimentos aos doentes, como papas de milho, sopas de feijão e legumes, além de leite. Suzana de Abreu entregou ainda um lote de bens alimentares e medicamentos ao hospital, supostamente como reforço no combate à malnutrição severa. No entanto, moradores da região afirmam que o auxílio é insuficiente e não chega aos mais necessitados.

“É um teatro político. Todos os dias crianças morrem de fome e doenças, enquanto as autoridades insistem em dizer que a situação está controlada. Onde está essa redução de mortes? Não sentimos isso aqui nas nossas comunidades”, desabafa Manuel Domingos, residente do bairro Chiloango.

Desfasamento entre Dados Oficiais e Realidade

Embora o director do HPC tenha assegurado que os alimentos doados, especialmente o leite F75 e F100, irão acelerar a recuperação das crianças desnutridas, o cenário nas áreas mais vulneráveis de Cabinda é alarmante. Os relatos indicam que muitas famílias continuam a viver em condições extremas de pobreza, sem acesso adequado a alimentos básicos ou cuidados de saúde.

Adicionalmente, Pombalino de Oliveira revelou que a malária continua a ser a principal causa de internamento de crianças, seguida por doenças respiratórias e hipertensão, com uma média de 800 atendimentos diários no hospital. Entretanto, a população denuncia que o sistema de saúde está sobrecarregado e que a assistência médica e medicamentosa não consegue acompanhar o aumento das necessidades, especialmente com a chegada da época chuvosa.

“Estamos a viver uma crise de fome e doença que o governo insiste em encobrir. Muitos de nós já perderam familiares por falta de alimentação e tratamento adequado”,lamenta uma cidadão, mãe de duas crianças internadas no Hospital Provincial de Cabinda.

A contradição entre os dados divulgados pelas autoridades e a realidade vivida nas ruas de Cabinda levanta preocupações sobre a verdadeira extensão da crise de malnutrição e pobreza na região, onde as promessas políticas parecem falhar em aliviar o sofrimento da população mais vulnerável.

PONTUAL, fonte credível de informação.