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“Não sei o que seria do Tocoísmo e da música angolana sem o Nkembo”

Ontem, 24 de Fevereiro, os fiéis da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, vulgo Tocoístas, assinalaram mais um aniversário do líder fundador, Simão Gonçalves Toko. No passado domingo, para celebrar a mesma data, foi realizado, no Largo da Tondinha, junto ao Parque da Independência, em Luanda, um espectáculo cultural denominado “Roda de Nkembo”.

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Há 10 meses
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No evento, houve a participação de grandes referências da música nacional e instrumentistas em ascensão no mercado nacional. O Nkembo, marcado pela música e a dança, é uma das grandes manifestações do movimento messiânico fundado por Simão Toco.  Para melhor compreensão desta manifestação artístico-cultural e religiosa, conversámos com Francisco Makyesse, gestor cultural, encenador, autor e membro da Igreja Tocoista.  Para Makyesse, as canções e os hinos do Nkembo não somente exaltam a  Deus e a vinda de Cristo, mas também sempre foram uma forma de protesto.   “Provocando a consciência para aceitar a mudança, é um veículo para denunciar a realidade de um povo oprimido, com a esperança da liberdade. Uma liberdade que lhes era confirmada permanentemente pelo seu líder Simão Gonçalves Toco”, disse

Há duas semanas que alguns artistas com ligações à Igreja Tocoísta falavam da “Roda de Nkembo”. Para início de conversa, gostaríamos de saber o que o Nkembo significa para os tocoístas? 

Segundo o fundador do Tocoísmo, o Profeta Simão Gonçalves Toco “Mayamona”, o Nkembo era uma forma de invocar o Espírito Santo, de animar os espíritos amargurados de sofrimento. Não havia instrumentos musicais como os que existem hoje. Inicialmente, os instrumentos eram as palmas que animavam os cantores em roda ou sentados e às vezes em pé.
… E para o pesquisador Francisco Makyesse?

Numa opinião pessoal, o Nkembo é vida, é liberdade, é rebelião, digo, é uma outra forma que exprime a luta dos africanos contra o regime da opressão. É a manifestação profunda dos sentimentos da alma compartilhando-os com os outros. O Nkembo é o principal género artístico Tocoísta, que está presente em todas as manifestações culturais. Nkembo, na língua kikongo, quer dizer regozijo, entretenimento e festa, e é a forma de dança tocoísta, feita em roda ou não, onde cada um traça os seus passos de acordo com a sua disposição e satisfação.

Nkembo é uma palavra em kikongo. Quando a Igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo passa a usar a música de culto?

A Igreja nasce através da música com o Coro de Kibocolo, que está na origem do surgimento da Igreja. Reunidos pelo Maestro Simão Gonçalves Toco no dia 5 de Abril de 1943, em Léopoldville, actual Kinshasa, os primeiros 12 rapazes seleccionados para a formação do coro  viriam a ser denominados Coro de Kibocolo em homenagem à Igreja Baptista BMS de Kibocolo”. Convido os interessados a consultarem as obras “Simão Gonçalves Toco e os Tocoístas no mundo”, de Pedro dos Santos Agostinho,  e “Simão Toco, o Profeta Africano em Angola”, de Simão Fernando Quibeta.

Quais as principais características do Nkembo?

É aparentemente individual, mas não. Uma das suas características como baile é desenvolvê-lo dentro dos parâmetros da decência ensinada pelo Maestro Mayamona, Simão Gonçalves Toco. Há grupos que tentam interpretar a dança coreograficamente, mas segundo o músico Emanuel Mendes, “parece que coreografar um Nkembo para um corpo de baile é uma tarefa muito complicada, não haverá tanta liberdade de criatividade como o mesmo pede, mas há toques sim em que o colectivo brilhará executando-o, mas outros não. O Nkembo, com a característica espiritual que possui, brinda com liberdade de prática aos solistas. É segundo o que se sente ouvindo o solista que se mergulha num arrebatamento músico-espiritual, transcendendo as frequências terrestres”. Para o compositor Paulino Virgílio, quando há coreografia deixa de ser dança Nkembo, ela perde a sua essência. O Nkembo não é uma dança corpo a corpo, ou seja, não há encontro do corpo do homem com o da mulher. Os instrumentos (objectos), os instrumentistas, os nkembeladores, os nkembistas podem significar alguma coisa no princípio e outra no momento sucessivo. Esta é a característica espiritual do Nkembo.

Agora falemos do Nkembo enquanto estilo musical. Quais sãos as outras correntes musicais incorporadas pelos Tocoistas?

O Nkembo é um género de música africana que incorpora muitos elementos bastante complexos e o trabalho de interpretação dos instrumentistas, o trabalho sobre a linguagem. A notação musical francófona e congolesa, conhecida como mi-composé, um tipo de afinação desenvolvida pelos congoleses, onde duas cordas produzem o mesmo som. Assim, os tocoistas, por influência do Kongo, como exemplo trago Matumona Sebastião, implementaram alguns elementos na interpretação da música tocoista. Reforço, Nkembo é uma mistura dos grandes ritmos de África e do mundo, e, de acordo com o repertorista e guitarrista Max de Jesus, no Nkembo há canto responsarial, perguntas e respostas, tipicamente africanas, na vivacidade e na polirritmia. Dá-se mais liberdade ao diálogo dos instrumentos, que dos solistas e do coro com perguntas e respostas e trago como exemplo o solo em “ó ysu kunazioni” e o coro “ykekalanga”.

Há 10 anos que está a investigar sobre o Nkembo. Quais foram as principais motivações para este trabalho e quando teremos a sua publicação?

Senti-me motivado quando frequentava a licenciatura, ao estudar a disciplina de dramaturgia musical na casa Giuseppe Verdi, em Parma. Com o professor Russo, mas antes de tudo, partilhava ideias sobre a música africana e sua importância ao motivar os alunos a gostar da música africana. Um desses dias, o meu colega Leonardo Talane “Linha de Terra”, que juntos erámos os únicos africanos no curso, falou-lhe sobre a música tocoísta e ele ficou curioso em saber mais. Infelizmente, não havia absolutamente alguma informação, nem na Internet, nem em livro. Então, ele perguntou sobre outras formas da música e danças angolanas, era a mesma coisa… aí eu decidi fazer um estudo e pesquisa sobre o Nkembo, sobre o qual eu já tinha muitas bases. Esta vontade acelerou muito mais quando comecei a fazer o mestrado. Participei nos encontros sobre danças africanas em trânsito, espíritos ancestrais e mitos actuais. Também abordámos dialogismos contemporâneos no teatro de representação, debates, conversas, dramatizações de vozes e jogos metalinguísticos. Finalmente, depois de ter finalizado o estudo completo da 9.ª Sinfonia de Beethoven, partilhei com o tenor Emanuel Mendes e ele inspirou-me muito mais quando ele faz o estudo comparativo da 9.ª Sinfonia com a composição de Simão Toco, intitulada “Ó mfumu ysu vava kevutuka” (quando Cristo regressar) e “Magnum opus”, cuja estrutura morfológica musical, a dimensão da narração da história do hino, têm muitos aspectos em comum.

E assim foi entrando nesta aventura…

O Nkembo é um fenómeno musical tocoísta. Desejo exercitar-me como uma espécie de tradutor e intérprete desta rede complexa, com um sistema de muitos códigos, tornando-o mais compreensível. Eu pretendo colocar em ordem entre os níveis semióticos no percurso das manifestações, partindo do significado de estética, da filosofia e semiótica de John Murakarovski e Umberto Eco. No ponto de vista semiótico, tudo o que está no Nkembo é signo e os signos mostrados no Nkembo tendem a assumir uma dimensão avançada que os transporta a ser os sinais dos corpos, dos objectos, dos movimentos, das expressões com valor metafórico, icónico, simbólico. Os princípios de mobilidade sobre o espaço cenográfico, os signos podem mudar significados. Os instrumentos (objectos), os instrumentistas, os nkembeladores, nkembistas, podem significar alguma coisa no principio e outra no momento sucessivo. Esta é a característica espiritual do Nkembo.


Uma característica do tocoismo é a de movimento messiânico de resistência. Também encontramos isso no Nkembo?

Sim. O Nkembo também é um género artístico de resistência que compreende outros subgéneros. É antes de mais uma improvisação, talvez seja a origem do jazz, uma viagem poética, longa, que só tem começo (risos). O Nkembo é para além do que as pessoas observam, na verdade, enquanto música e dança e outras formas artísticas, é também um símbolo de resistência. As suas canções, os hinos não somente exaltam Deus, a vinda de Cristo e a descida do Espírito Santo. Os fragmentos das expressões proverbiais e as ladainhas sempre foram uma forma de protesto, constituída por poemas e músicas de denúncia e surgem como luta por um mundo melhor. Provocando a consciência para aceitar a mudança, é um veículo para denunciar a realidade de um povo oprimido, com a esperança da liberdade. Uma liberdade que lhes era confirmada permanentemente pelo seu líder Simão Gonçalves Toco.

O facto do profeta Simão Toco ter feito parte do Coro de Kibocolo foi determinante para o surgimento do Nkembo na Igreja? Uma breve incursão à conferência panafricana no Congo…

Sim. Simão Gonçalves Toco já sabia que era através das artes, sobretudo da música e da literatura que rapidamente recuperaria a “alma africana” e marcaria o renascimento da Igreja de Cristo em África previsto por Kimpa Vita como instrumento de luta e de libertação. Assim, em 1943, fundou o Coro de Kibocolo com apenas 12 rapazes. Três anos mais tarde, em 1946, o coro, já numeroso e devidamente organizado, participou na Conferência Missionária Baptista em Lèopoldville, onde para além da oração a pedir a descida do Espírito Santo, Simão Toco dirigiu o Coro de Kibocolo, entoando o hino BMS em Kikongo: “Vena ye zulu dya nvuvami”. Este hino, pelo significado histórico, estava a marcar o início da recuperação secular das artes e da cultura africana: a “alma africana”. Em 1949, três anos mais tarde, acontece a Descida do Espírito Santo e a Relembrança da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo. Ao longo dos anos, a música tocoista: os hinos, as canções, têm sido a fonte inesgotável da descida do Espírito Santo em todos os momentos da propagação e consolidação do tocoismo. Por isso, eu considero a música tocoista a maior reserva dos bens culturais da Igreja Africana e um dos mais importantes arquivos históricos do património cultural da República de Angola.


Quando falamos da música no seio da Igreja, Matumona Sebastião, do Conjunto Ngoma Jazz, é um nome que chega à música popular urbana angolana. Fale de outros nomes da velha escola que se notabilizaram no Nkembo e de artistas do antigamente que têm uma relação com o tocoísmo.

Garcia Pedro Vicky, Mias Galheta, Ngana, Urbano de Castro, Kota Ferro (pai do Texas), Alex Sambo, António Sambo, António Paulino “Ti Paulino”, Lito Graça, Alex (baterista), Simons Mansini, Dj Ângelo, Ti Duduaine, Adão Nkembo, Manuel Baltazar “Manuelito”, e outros que agora não me lembro. Desculpa!…

Quem são os precursores? Nomes do Nkembo?

Em primeiro está o pai fundador do Tocoísmo e de todos os géneros artísticos da Igreja, Simão Gonçalves Toco e sua esposa Rosa Toco, seguidamente, com maior destaque para Matumona Sebastião, que introduziu e desenvolveu novos elementos da música. Temos, ainda, Mestre Garcia Pedro Vicky (pioneiro da implementação do sopro), António Zinga (que introduziu a guitarra eléctrica). Irmão Manzambi e Domingos Xico (introdução da bateria) fazem parte do que podemos considerar como primeiro conjunto ou grupo nos anos 1972-73. Depois constam nomes como José Correia, Paulino Bombo, Carlos dos Santos, Mestre Domingos, Gonçalves Malembo e outros.

Nos últimos tempos, é visível nos vários projectos musicais a presença de instrumentistas tocoístas. Fale deles e da sua proveniência…

É verdade, às vezes fico com a ideia de que em cada banda ou conjunto musical em Angola tem sempre um tocoísta. O Tocoísmo forma anualmente uma quantidade numerosa de artistas, sobretudo instrumentistas. A lista é muito numerosa e não cabe neste jornal, porque são muitos jovens que aprendem a tocar em casa ou entre irmãos organizados. Actualmente, alguns dão sequência às suas formações nas escolas técnicas, médias e superiores. Fica difícil descrever sobre eles neste espaço, mas posso, de forma resumida ou simbólica, indicar alguns traços. De acordo com a divisão administrativa e hierárquica da Igreja, as Tribos correspondem à origem territorial dos membros, mas esta designação só existe em Luanda, conforme o argumento de apresentação que se segue.  Estefani (Estêvão Amadeu), Pitcho (Pedro Bessa), da Tribo Oeste (corresponde às províncias de Cabinda e Zaire). Max de Jesus, Pedro Baltasar, Ti Paulino, Manuelito, Animal, Nelson Baltazar, etc., (Tribo da Muxima, província do Bengo). Isaú Baptista, Nelo Dakambaza, Pepelo, Idalésio, Chilola de Almeida, Totó, Obadias Correia, Elias Correia, Emanuel Baptista, Emanuel Mendes, etc., (Tribo de Catete, província do Bengo). Mayo Bass, Yark Spin, Pascoal Manguidi, Nelo Manguidi, Samuel Bass, Leonel Filas, Maninho Bocolo, Sebastião Bass, Vicente Acordes, Jonhnny Master (Tribo Norte – Província do Uíge. Kamabatela – Província do Cuanza-Norte). Carlos Praia, Mário Gomes, Kota Ferro, Texas, Arcanjo Miguel, Sankara, Kito, irmãos França e Matias, Padre, Tinilde, Luwawa, Leo Otchali, Nejó Banga, Haddy Batera, Jack da Costa (Tribo Sulana, província de Benguela: Lobito e Benguela).

Lobito, actualmente, representa a zona com o maior viveiro de instrumentistas tocoístas…

Muitas vezes eu pergunto: que segredo tem o Lobito na música tocoísta? Cantam, tocam, nkembelam, compõem bué. Têm uma particularidade que eu gostaria de descobrir (risos). A música tocoísta é, fundamentalmente, improvisação, usa-se a escala diatónica maior, mas no Lobito já improvisam com outras escalas, fazem o uso dos cromatismos, que, hoje, se vai tornando comum no seio da Igreja. Podemos considerar que o Lobito é o lugar principal da expansão e desenvolvimento do Nkembo: são muito originais, apresentam qualidade e inovação permanente sem fugir da linha tradicional.

Também encontramos excertos de alguns Nkembo na música fora do circuito religioso tocoista, até mesmo em estilos como o Kuduro. Como a Igreja reage a isto?

(Risos…) O Nkembo é uma forma artística inexplicável, praticado, às vezes tem uma carga dramática muito forte (elementos musicais e elementos cénicos). A beleza estética que apresenta é muito agradável, contagiante, num único espaço representam-se sentimentos e acções do mundo visível e invisível. O Nkembo é divinal, não sei o que seria do Tocoísmo, da música angolana, sem o Nkembo. E claro, deve ser compreendido que o Nkembo sempre exerceu uma grande influência na música instrumental angolana e, agora, também no canto. Como qualquer outra forma artística e cultural, desenvolvida da origem até hoje, nas diversas épocas e lugares, as precedentes formas de música, canto, dança, ajudam-nos a compreender, suficientemente, a fonte para alinhar as características. Assim que o Nkembo atrai a consciência do mundo, é positivo por não ser ao contrário, embora, às vezes, possa confundir. E é isso que a Secretaria Central da Cultura da Igreja Tocoísta devia saber: coordenar, proteger, promover o colectivo de artistas, permitindo-lhes de forma activa intervir mais nas acções directas da cultura na Igreja. Fazer convergir aquilo que se faz e o que se estuda. Hoje não basta fazer, também é preciso estudar para estar à altura das exigências que a própria arte impõe.


Roda movimentada e cheia de alegria

Foi ao som de “Yisso Kuina Zioni”, “Yesu” e “Maiomana” que os fiéis da Igreja Tocoista realizaram, domingo último, a primeira edição da Roda do Nkembo, no Largo da Tondinha, adjacente ao Parque da Independência. A iniciativa foi da Secretaria da Cultura da Província Eclesiástica Dombaxe Malungo, da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo. A Roda de Nkembo foi um sarau de música e dança Tocoísta, para celebrar o dia 24 de Fevereiro de 1918, data de nascimento do Profeta Simão Gonçalves Toco “Mayamona”. A principal atracção foi a actuação da Banda Vozes e Sons de Israel, do Lobito. 

As cinco horas de música ao vivo tiveram o intervalo para orações de abertura e encerramento dos líderes religiosos. O espaço acolheu fiéis da Igreja Tocoísta e de outras denominações religiosas, ávidos de apreciarem e testemunharem o Nkembo

O evento foi épico, marcado por músicas instrumentais e cantadas. Os artistas residentes em Luanda actuaram de forma espontânea em palco e foram alternando as execuções. Um dos momentos de realce foi a subida ao palco de nomes consagrados da cena musical angolana como Lito Graça, na bateria, Mias Galheta, no baixo,, e uma selecção de guitarristas para o solo e ritmo, em que encontramos Teddy Nsingui, Kintino, Paulino Virgílio e Domingos Xico. Nos coros, Horácio Gomes e Zinga Sona, vencedora da penúltima edição do Festival da Canção da LAC. A participação destes filhos do Nkembo, conhecidos fora da Igreja, foi a prova do viveiro musical que é a Igreja Tocoísta.

 
A voz de n’kembistas

Abraão Paulo, responsável provincial de Benguela da Cultura, esclareceu: “O Nkembo é um marco para os Tocoístas. Simboliza uma dança espiritual, porque foram sempre perseguidos, mas à medida que fossem mortos apareciam mais pessoas. O Nkembo significa vida e actualmente uniu vários estilos musicais”.

O director artístico e porta-voz da organização, Yark Spin, realçou: “O Nkembo influencia outros estilos musicais. Estamos a trabalhar no sentido de reconhecer o estilo a nível nacional. Se olharmos para os guitarristas no país, iremos constatar que 70 por cento são tocoístas. Esta é a influência que o Nkembo tem, todos eles saíram do nosso meio”.

Lito Graça: “O Nkembo significa vida, porque também faz parte da minha génese, é um estilo que ganhou espaço e tem mantido a originalidade até aos dias actuais”.

Mayomona o líder fundador

O Profeta Simão  Gonçalves Toco “Mayamona” nasceu  em 24 de Fevereiro de 1918 na localidade de  Sadi-Zulumongo, aldeia de Ntaia, Maquela do Zombo, província  do Uíge. Morreu a 31 de Dezembro de 1983, em Luanda.

Recebeu o nome kikongo Mayamona, após frequentar o ensino primário na Missão  Baptista de Kibocolo. Concluiu os estudos no Liceu Salvador Correia de Luanda.

Reza a história do Tocoismo que aos 17 de Abril de 1935 ocorreu em Catete a   Teofania, o encontro de Simão Toco com Deus, simbolizando a unção da sua missão cristã, que viria a chamar-se Tocoísmo, um movimento de luta contra a opressão e anúncio do renascimento da Igreja de Cristo em África, predito pelos profetas Kimpa Vita e Simão Kimbangu. Em 1942, o fundador do Tocoísmo decide partir para Léopoldville (Congo Belga) para colaborar com a Missão local e dirigir um coro musical conhecido como Coro de Kibocolo. Em 1946, graças ao trabalho que lhe fora reconhecido no âmbito da Missão Baptista e do Coro, foi convidado, com outros dois angolanos, Gaspar de Almeida e Jessé Chipenda Chiúla, para intervir nos trabalhos da Conferência Missionária Internacional Protestante, realizada de 15 a 21 de Julho, na localidade de Kaliná, em Léopoldville. Neste momento, dirige uma prece em que pede para o Espírito Santo descer em África.

Em 1949, Simão Gonçalves Toco e muitos dos seus seguidores foram presos pelas autoridades belgas, sob a acusação de alterarem a ordem pública. Em Janeiro de 1950, foram deportados do Congo Belga e entregues, no posto fronteiriço de Nóqui (província do Zaire), às autoridades portuguesas. Foi enviado ao Namibe e posteriormente deportado, durante 11 anos, para os Açores, Portugal. Regressa a Angola em 1974 e estabelece conversações com os líderes dos três movimentos de libertação de Angola (FNLA, MPLA e UNITA).


Perfil

Francisco Makyesse  é o pseudónimo artístico de Francisco Makiesse Calongo Teixeira, nascido no Mukaba – Uige, mas adoptado como filho do Cazenga, Luanda. Director, encenador, autore gestor cultural. Licenciado em Bens Artísticos, Teatrais, Cinematográficos e Novas Médias. Tem o mestrado em Teatro e Música (Classe LM – 65 Ciência do Espectáculo e Produção Multimédia), pela Escola de Letras e Bens Culturais  da Universidade de Bolonha(Itália).

Director artístico e mentor de inúmeros programas de cultura e artes, desenvolve intensa acção de formação em teatro e artes performativas.

Seus últimos espectáculos de teatro “Versos Diversos”, “Sem Título” e “Lugares de Sonhos” foi responsável pela direcção, encenação e dramaturgia. Fundador e líder do Atelier D’Artes Lucengomono e director-geral adjunto do Memorial  Dr. António Agostinho Neto.