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Obras de acesso ao Novo Aeroporto são concluídas em Setembro

As obras de construção e reabilitação de vias rodoviárias, de acesso ao Novo Aeroporto Internacional de Luanda, de 45 quilómetros na comuna do Bom Jesus, município de Icolo Bengo, caminham bem e devem ser entregues até finais de Setembro, segundo projecções mais optimistas do Instituto de Estradas de Angola (INEA) em Luanda.

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Há 6 meses
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Por alguns dias, o Jornal de Angola pôde ver as obras em desenvolvimento, que vão tornar mais fluido o trânsito para o aeroporto, destinado a ser uma placa giratória da aviação, com números que podem chegar aos 15 milhões de passageiros e 150 mil toneladas de mercadorias  por ano

A engenheira Rosária Kiala, responsável pelos Serviços Provinciais do INEA em Luanda, nossa cicerone, não poderia ser mais optimista, ao ser questionada pelo JA. ” Pretendemos terminar as obras até Agosto/Setembro deste ano”, responde, indicando que as empreitadas estão divididas em manutenção e conservação, requalificação, reabilitação e construção.

As obras de manutenção e conservação da  via do Patriota, que andou fechada desde Janeiro deste ano, e do  Futungo/Cabolombo já estão concluídas, enquanto no domínio da conservação e manutenção se trabalha na Avenida Pedro de Castro Van-Dúnem “Loy” e 21 de Janeiro.

“Quanto à reabilitação, estamos a trabalhar na Deolinda Rodrigues, com obras já aí à volta dos 80 por cento.  Na Fidel Castro, além da reabilitação propriamente dita da via, o trabalho incide na construção de 16 quilómetros de uma via de serviço, com destaque para a colocação de pedonais”, sublinha Rosária Kiala.

A responsável adiantou que na Avenida Deolinda Rodrigues estão por se colocar mais sete pedonais e outra junto à Fermat e na “paragem do motorista”, obras que devem terminar ainda este mês. “Até meados de Junho, vamos começar também a fazer as fundações para podermos montar uma pedonal na chamada “paragem do motorista”. Tudo isso a pensar na facilitação da mobilidade urbana”, sublinhou.

Além da montagem dessas sete novas pedonais, as antigas estão a ser  reabilitadas. “Acho que nos faltam uma ou duas, uma perto da ponte partida, mas aí vamos colocar uma nova, que é um caso específico, pelo seu perfil rodoviário e ferroviário.

“Essa é, na verdade, uma situação diferente em relação à estratégia que estamos a seguir quanto à montagem das pedonais, sobretudo nas vias de acesso ao Novo Aeroporto Internacional  de Luanda”, esclarece a responsável dos Serviços Provinciais do INEA em Luanda.

A engenheira explica que na via expressa ainda não começou a montagem das pedonais, mas garante que as obras podem arrancar até o final do mês de Junho. 

Nessa  via, como esclarece Rosária Kiala,  está prevista a montagem de cinco pedonais, com referência principal para as que ficam junto da Maxi, Shoprite e Centro Sol.

Num outro desenvolvimento, o surgimento de novos serviços comerciais, na zona Kikuxi, um grande aglomerado populacional, trouxe desafios acrescidos ao INEA, como reconhece a sua responsável. “Ora, tendo surgido um novo Shopping, vemos que surgiu um constrangimento em termos de travessia naquela área, a justificar claramente a colocação de uma pedonal”, esclarece, para justificar a empreitada.

“Isso é algo que não estava previsto, mas de repente surgiram  novos centros comerciais. Logo, tivemos que acompanhar essa dinâmica, colocando pedonais, para maior segurança da população”, sublinha Rosária Kiala

O Jornal de Angola pôde ver obras de melhorias das vias da área do Zango, sobretudo às que vão dar ao Novo Aeroporto Internacional de Luanda, inaugurado a 10 de Novembro de 2023, pelo Presidente João Lourenço.

 “Fizemos, também, a reabilitação das vias do Zango, o que resultou numa maior fluidez do trânsito”, refere, indicando, contudo, que essas melhorias não contemplaram a macro-drenagem, o que deve levar ao realojamento de algumas pessoas.

Em bom rigor, pretende-se, com o realojamento, viabilizar  a macro-drenagem, para terminar o canal que foi construído naquela zona.

 
Evolução das obras

A responsável dos Serviços Provinciais do INEA, em Luanda, mostra-se confortável com  a execução física e financeira das várias empreitadas nas acessibilidades ao Novo Aeroporto Internacional de Luanda. Ela entra mesmo em detalhes. “Na generalidade, as obras atingiram um ponto de não retorno”, diz Rosária Kiala, destacando a Avenida Deolinda Rodrigues, onde as obras já vão a 80 por cento da execução, faltando apenas colocar as pedonais, desde a Unidade Operativa até a chamada Ponte do  25, na EN 230.

Entre outras frentes, na Avenida Fidel Castro, nesta altura há, também, obras, com elevada visibilidade, desde a área do  Cabolombo até à Ponte do 25. A responsável do INEA em Luanda mostra-se muito preocupada com a macro-drenagem, que considera o “forte” da empreitada na Fidel Castro.

“Em termos de reabilitação da via e recapeamento, aquilo que se previa, em termos de macro-drenagem, que é o forte que está ali, ainda há trabalho significativo a fazer”, adianta.

A macro-drenagem, contudo, sempre existiu na Fidel Castro, mas as ocupações das linhas de água tornaram-se problemáticas para o curso normal da empreitada. “Só por isso é que estamos, hoje, a investir fortemente na macro-drenagem na Avenida Fidel de Castro”, refere a engenheira Rosária Kiala, sobre a mais importante via de ligação ao Novo Aeroporto Internacional de Luanda.

 
Via do Kimbango

Sempre em linha com a melhoria da circulação para o NAIL, está em construção uma nova estrada, desde o Kimbango, para desembocar na Via Expressa, seguindo em paralelo à Deolinda Rodrigues, algo que resultará em ganhos consideráveis para as comunidades por onde passa.

“Isso ajuda a desafogar o trânsito na Deolinda Rodrigues. A estrada vai  começar onde nós fechamos, mas lá dentro já trabalhamos bastante”, adianta a responsável do INEA em Luanda, acrescentando que já foram construídos sete quilómetros de macro-drenagem  e cerca de um quilómetro de lancis para passeios.

 
Alguns constrangimentos

Obras com a dimensão das que estão a ser desenvolvidas, pelo INEA, em Luanda, trazem sempre vários constrangimentos para a sua efectiva concretização.

E essa foi a questão colocada directamente à engenheira Rosária Kiala. “Os constrangimentos, de uma forma geral, são as redes técnicas de empresas como a EPAL, ENDE, UNITEL,  MsTelecom, a Zap, com as quais temos sempre encontros para encontrarmos as melhores soluções”.

À nossa insistência, Rosária Kiala disse ser matéria “pacífica entre nós”, mas que representa um grande constrangimento, em termos financeiros e da própria evolução da obra.

E dá um exemplo: “Estávamos a trabalhar na macro-drenagem, aí junto ao condomínio Vereda das Flores, onde há uma conduta paralela junto à nossa macro-drenagem. Uma conduta importante, que não podemos mexer, mas já o fizemos. Foram quatro horas, para as fechar, um constrangimento muito grande”.

Explica, que, num trabalho conjunto com a EPAL e a própria empreiteira, ao fim de duas horas estava reposta a situação, mesmo que muita gente tivesse ficado privada de água potável.

“Há muito comércio por perto, várias redes técnicas, logo, temos que estar permanentemente em contacto com as empresas, para podermos sanar situações pontuais”, referiu Rosária Kiala.

Esse é um trabalho feito pelos coordenadores das obras do INEA e técnicos indicados pelas empresas detentoras de redes técnicas na Avenida Fidel Castro, vias de acesso e estruturantes  em geral, como nos foi explicado.

 
Acessos pelo Sul e Norte

Para quem chega pelo litoral Sul de Angola e pretende aceder, rapidamente, ao Novo Aeroporto Internacional de Luanda,   tem exactamente a Fidel Castro, sendo que um projecto para o alargamento da via Cabolombo/Barra do Cuanza foi lançado em 2023, que vai assegurar a fluidez naquele troço na EN 100.

Fomos à zona dos Ramiros ver o estaleiro da Omatapalo, empresa que ergue essa obra do INEA. Consignada a obra, o empreiteiro trabalha, agora,  na preparação das condições para a montagem do estaleiro que vai acomodar os diversos equipamentos.

Em concreto, o foco é o estancamento das ravinas e alguns buracos que vão surgindo na área dos Ramiros.

A engenheira Rosária Kiala reconhece, no entanto, a importância da recepção, pelo empreiteiro, dos recursos necessários para a mobilização dos equipamentos. “Ele (empreiteiro) recebe, inicialmente um downpayment,  mas preciso do dinheiro todo para avançar com a empreitada”, diz.

Tudo a concorrer para o acesso ao aeroporto, mas também para facilitar a fluidez do trânsito no seu todo. No sentido Norte, há intervenções de vulto entre Catete/Maria Teresa, o mesmo  acontece até ao limite da cidade de Ndalatando.

“A EN 230 Catete/Maria Teresa é uma via  importante. Tem um tráfico pesado e quem estiver, por exemplo, em Ndalatando tem que encontrar  facilidades para viajar pelo NAIL”, argumenta a responsável dos Serviços Provinciais do INEA em Luanda.


Investimentos avultados

Até aqui, já foram investidos cerca de 300 milhões dólares nessa empreitada, incluindo a fiscalização, projectos, coordenação,  empreiteiro e outros actores directamente envolvidos.

A cicerone do Jornal de Angola assume,   no entanto,  que a via do Kimbango até à Fidel Castro não termina este ano, por se tratar de uma obra gigantesca, que tem a ver, sobretudo, com a macro-drenagem. “Não é macro-drenagem qualquer”, refere Rosária Kiala. 

“Estamos a falar de um local que se apresenta, hoje, completamente diferente daquela confusão do passado”, refere a responsável do INEA em Luanda, recordando que as vias de comunicação valorizaram, substancialmente, a zona do Kimbango.

Segundo a engenheira, as obras em curso na zona do  Kimbango não levaram, até agora, à deslocação das pessoas, embora, como referiu, haja um troço de cerca de 800 metros em que tal venha a ser  necessário, mesmo não sendo propriamente na área de intervenção.

Em concreto, fala de alguns muros e quintais, no interior do Kilamba-Kiaxi, que podem dificultar a macro-drenagem entre a estrada Viana-Camama, até desaguar no rio Cambamba.


 Obras nas vias estruturantes

Mas se a construção e o melhoramento das vias de acesso ao Novo Aeroporto Internacional de Luanda estão, hoje, na ordem do dia, as estruturantes na capital do país estão em andamento.

A questão foi directamente colocada à chefe dos Serviços Provinciais do INEA e Luanda: “Estamos a trabalhar nas vias estruturantes, além da  EN/230, que já foi consignada e que estamos a acompanhar. Nos próximos dias, prevemos  algum trabalho a ser feito na via da Boavista-Luanda-Kifangondo”, respondeu, relevando a importância dessas vias no tráfego rodoviário.

Na Kima Kienda Boavista, há, também, obras em desenvolvimento, assim  como nas Avenidas Pedro de Castro Van-Dúnem Loy e 21 de Janeiro.

 
Preocupações com o vandalismo

Numa altura em que o vandalismo de bens públicos volta a estar, também,  no topo da agenda governamental das preocupações do Governo, a responsável do INEA em Luanda pede a colaboração da comunicação social, para ajudar a acabar com esse fenómeno e cita, como exemplo, a vandalização total das redes colocadas por cima dos separadores na Avenida Deolinda Rodrigues, para dar segurança às pessoas.

“Daqui a pouco, chega Outubro ou  Dezembro, a obra já termina e vão dizer que não trabalhamos, quando estamos a destruir aquilo que já estava feito”, lamenta Rosária Kiala, considerando “gravíssimo” o vandalismo quanto à iluminação pública. “Acho que é a quinta, sexta ou sétima vez que estamos a repor a iluminação pública, só na Deolinda Rodrigues”, sublinhou, visivelmente desapontada.

Os casos de atropelamentos de pessoas nas várias avenidas são recorrentes e é essa a preocupação. “Nós colocamos uma pedonal, mas as pessoas preferem correr risco de vida passando por baixo”, afirma, defendendo campanhas de sensibilização nas comunidades, escolas e outros locais.

A fonte acrescentou que, na Avenida Deolinda Rodrigues,  em todos os locais com uma pedonal, há separadores metros antes e uma rede por cima.

“A macro-drenagem está dentro dos acessos, principalmente na Fidel Castro. Aqui, vamos fazer cinquenta e cinco quilómetros de estrada, uma via de serviço, deixamos 17 a 20 metros, para a colocação de mais uma faixa  ou para o metro de superfície de Luanda”.

No entanto, a passagem do metro de superfície requer, como explica a engenheira Rosária Kiala,  troços  desnivelados, como os do Kilamba ou Zango.

“Ora, o que estamos a fazer, hoje, é a primeira fase. Dezasseis quilómetros de vias de serviço não são o suficiente, pois teremos que mexer, depois, em Cacuaco, fazendo o mesmo trabalho”, adianta, para destacar a grandeza da obra.

 
Ocupação das vias em Cacuaco

Diferente do Kimbango, em Cacuaco poderá ocorrer a deslocação de pessoas, que ergueram as suas habitações ao longo da via, como deixou claro a responsável do INEA.

“Sim, aí surgiram ocupações dos cinquenta metros de terreno, que deixamos de cada lado da via”, palavras de Rosária Kiala, à pergunta do Jornal de Angola, que tem publicado editais do INEA, sobre a não ocupação dessas áreas.

“Nós temos editais sobre essa matéria e, em alguns casos, poderá ocorrer expropriação”, sublinha, reiterando o compromisso dos técnicos do INEA em tornar fluido o acesso ao NAIL.

“Precisamos de ter ciência, porque a parte técnica nós podemos fazer, mas também a nossa parte social”, concluiu.