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Profissão de intérpretes de língua gestual em risco devido à falta de reconhecimento, alerta ANILGA

A Associação Nacional dos Intérpretes de Língua Gestual Angolana (ANILGA) alerta para o possível desaparecimento da profissão de intérprete de língua gestual em Angola nos próximos anos, devido à falta de reconhecimento oficial da atividade.

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O presidente da associação, Bismarque António, lamentou a ausência de enquadramento legal para os intérpretes, afirmando que esta situação compromete tanto a profissionalização quanto a formação destes profissionais. “Sem reconhecimento profissional, claramente que não haverá capacitação como tal, porque legalmente não é reconhecida como uma profissão”, afirmou em declarações à Lusa.

Intérpretes sem segurança social e empregabilidade limitada

Apesar do papel crucial que desempenham, especialmente na inclusão da comunidade surda e muda, os intérpretes continuam a ser tratados como prestadores de serviços temporários, sem vínculo laboral ou descontos para a segurança social.

Bismarque António destacou que a falta de reconhecimento legal da profissão impede a empregabilidade formal destes profissionais. Muitos atuam como colaboradores informais, inclusive em instituições de ensino, onde a ausência de intérpretes compromete gravemente o processo de inclusão de pessoas com deficiência auditiva.

“A presença de intérpretes nas salas de aula é fundamental para o processo de ensino e aprendizagem das pessoas surdas, mas sem reconhecimento oficial torna-se difícil garantir a empregabilidade desta figura”, sublinhou.

Reconhecimento em outros países e esforços da ANILGA

Bismarque António comparou a situação de Angola com países como Portugal, Brasil, África do Sul e Namíbia, onde os intérpretes de língua gestual são reconhecidos como profissionais e têm maior apoio para o desenvolvimento da sua atividade.

Desde a sua fundação, em 2022, a ANILGA tem trabalhado para obter o reconhecimento da profissão junto de órgãos como o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social e o Ministério da Justiça e Direitos Humanos. A associação, que conta com 405 membros distribuídos pelas 18 províncias do país, tem como prioridade mudar o quadro atual.

Ganhos e desafios

Durante a pandemia de covid-19, os intérpretes de língua gestual ganharam maior visibilidade ao traduzirem as conferências de imprensa para a comunidade surda. Hoje, estão presentes em programas informativos da Televisão Pública de Angola (TPA), mas ainda como prestadores de serviços.

Embora a presença destes profissionais em canais de televisão seja considerada um avanço para a inclusão, Bismarque António alerta que a falta de vínculo contratual coloca o futuro da profissão em risco.

“Sem um enquadramento no qualificador ocupacional do país, será cada vez mais difícil garantir um futuro para os intérpretes de língua gestual em Angola”, concluiu o presidente da ANILGA.

C/VA

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