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Contas ao limite: região subsaariana de África entra na era do endividamento mais caro

A factura do financiamento público na África Subsaariana prepara uma escalada: as necessidades sobem 28% até 2029.

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A consultora BMI estima que os governos da região precisem de 86,2 mil milhões de dólares em 2029, contra 67,2 mil milhões em 2024, mesmo com uma melhoria do défice orçamental de 3,7% para 3% do PIB no período. A previsão lança um alerta sobre a pressão crescente nos cofres de Estados que já operam no limite.

De acordo com a análise, mais de 19 mil milhões de dólares serão necessários para equilibrar contas e honrar dívidas. Desse montante, 8,9 mil milhões destinam-se a países fora das cinco maiores economias, África do Sul, Nigéria, Angola, Quénia e Gana, sinal de que a fragilidade é hoje mais ampla e menos previsível.

Com a ajuda internacional em queda e juros altos nos mercados globais, a BMI afasta um reforço significativo do financiamento do FMI no próximo ano e antevê limitações nos mercados internos, incapazes de fornecer a liquidez exigida ao desenvolvimento económico. A diversificação das fontes de financiamento surge, assim, como a peça-chave da estratégia dos governos africanos.

A consultora aponta cinco instrumentos com maior probabilidade de ganhar terreno: emissões de dívida noutras moedas que não euro ou dólar; títulos ligados a matérias-primas; obrigações sustentáveis; dívida islâmica do tipo sukuk, em conformidade com a lei sharia; e emissões orientadas para a diáspora. Ganham ainda destaque os títulos associados a metas sociais, ambientais e de governação (ESG).

Segundo a BMI, esta viragem pode ampliar a base de investidores, de fundos islâmicos a mercados asiáticos e aforradores da diáspora, reduzir a dependência do dólar e alongar prazos de pagamento, alinhando o financiamento com prioridades como clima e infra-estruturas. Porém, traz riscos: maior complexidade na reestruturação da dívida, pressões cambiais, exigências acrescidas de transparência e desafios no relacionamento com credores dispersos.