0º C

17 : 11

Diomaye Faye: De inspector fiscal, recluso, a Presidente do Senegal

Bassirou Diomaye Faye pronunciou as primeiras palavras como futuro Presidente do Senegal, um dia depois da primeira volta das eleições presidenciais. No ano passado, Diomaye Faye ainda era desconhecido do público, o candidato do principal partido da oposição senegalesa venceu à primeira volta das eleições presidenciais, numa vitória histórica.

Registro autoral da fotografia

Há 9 meses
2 minutos de leitura

“Diomaye mooy Sonko, Sonko mooy Diomaye” – “Diomaye é Sonko, Sonko é Diomaye” foi o lema da campanha presidencial do candidato da oposição no Senegal. O slogan foi retomado nas ruas do país, que conta com 18 milhões de habitantes, poucos minutos depois do início da contagem dos votos este domingo, 24 de Março.

Da prisão de Dakar à presidência, Bassirou Diomaye Faye encarna a aposta do opositor senegalês Ousmane Sonko. “Bassirou, sou eu”, disse Ousmane Sonko sobre Diomaye Faye, que se torna o chefe de Estado mais jovem da hitória do Senegal. “Diomaye”, como é conhecido “o honorável” em Sererê, uma das comunidades do Senegal, celebrou esta segunda-feira o seu 44º aniversário.

O antigo inspector fiscal tomou medidas discretamente à sombra do seu mentor Ousmane Sonko, terceiro candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2019 e inelegível em 2024, após três anos de impasse com o poder. Ousmane Sonko nomeou-o como seu substituto na corrida presidencial.

“São duas faces da mesma moeda com dois estilos diferentes”, apontam membros do Pastef, o partido criado por Bassirou Diomaye Faye e Ousmane Sonko em 2014, dissolvido pelas autoridades em 2023. Muitas vezes vestido com roupa tradicional branca, um rosto jovem, Bassirou Diomaye Faye apareceu no último comício eleitoral acompanhado pelas duas esposas, uma novidade para um Presidente senegalês.

Diomaye Faye manifesta-se contra um sistema excessivamente presidencialista, muçulmano praticante surge como a encarnação de uma nova geração de políticos, destacando os seus valores pan-africanos, o desejo de preservar a soberania do país, de distribuir a riqueza de forma mais justa e de reformar uma justiça que considera corrupta.

Promete renegociar contractos petrolíferos e de pesca e diz não ter medo de abandonar o franco CFA, mostrando vontade de criar uma nova moeda nacional, medida que o adversário Amadou Ba tinha denunciado como um “absurdo” económico.

O projecto de acabar com a corrupção é apoiado pelos senegaleses nas redes sociais, bem como a sua declaração de bens tornada publica no último dia de campanha como forma de mostrar total “transparência”. Diomaye Faye nasceu numa família modesta de agricultores, passou o concurso de ENA (escola nacional de administração) no Senegal, seguiu os passos de Ousmane Sonko.

Em Abril de 2023 foi indiciado e preso por desacato ao tribunal, difamação e actos susceptíveis de comprometer a paz pública, segundo um dos advogados, depois da difusão de uma mensagem crítica contra a justiça nos casos Sonko. Em Julho, Ousmane Sonko também é detido, acusado de “apelar à insurreição”.

Depois de votar no domingo, Diomaye Faye apelou a um “regresso definitivo à serenidade” no Senegal “que tem sido gravemente perturbado” nos últimos anos.