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Do luxo ao crime: Hotel Diamond Black escondia império de burlas online

O Palácio Dona Ana Joaquina torna-se, esta quinta-feira, palco de um dos processos criminais mais mediáticos dos últimos tempos: o julgamento dos 35 cidadãos acusados de transformar o Hotel Diamond Black, em Luanda, num autêntico “quartel-general” de burlas online.

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Segundo o Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), que confirmou a abertura do julgamento, o caso remonta a Outubro de 2024, quando o Serviço de Investigação Criminal (SIC) desmantelou a rede instalada no bairro Kifica, distrito urbano do Benfica. No local, foram surpreendidos nove cidadãos chineses e um ugandês, apontados como líderes de um esquema que envolvia extorsão, chantagem, burlas via WhatsApp, fishing e jogos ilícitos.

O hotel, que aparentava estar encerrado, tinha sido arrendado e disfarçado de oficina automóvel. No seu interior, funcionavam quatro salas apetrechadas com sofisticado material informático. Uma delas reunia 24 funcionários encarregues de criar perfis falsos e atrair vítimas, sobretudo cidadãos portugueses de relevo, com o objectivo de lhes obter contactos pessoais e aceder às suas chamadas e videochamadas para fins criminosos.

Noutra sala, a operação concentrava-se em jogos direccionados ao público brasileiro. Cada operador recebia diariamente 700 números de potenciais vítimas e a missão de convencê-las a aderir a uma plataforma denominada LNBet, sob a promessa de bónus que variavam entre 1 e 18 reais.

As autoridades consideram este processo uma das maiores redes internacionais de fraude online desmanteladas em Angola, com ramificações em vários países de língua portuguesa. A expectativa em torno do julgamento é elevada, tanto pela dimensão do esquema como pelo impacto social causado pelas burlas milionárias.