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«Um quase milagre médico»: bebé de seis meses submetido ao primeiro cateterismo cardíaco pediátrico no sector público

A medicina angolana escreveu uma nova página da sua história. Pela primeira vez, um hospital público realizou com sucesso um cateterismo cardíaco pediátrico, salvando a vida de um bebé de apenas seis meses com uma complexa doença no coração. O feito aconteceu esta quarta-feira no Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Dom Alexandre do Nascimento (CHDCP), em Luanda.

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A intervenção, que durou cerca de uma hora, foi liderada pelo médico espanhol Juan Carretero e contou com uma equipa multidisciplinar. O procedimento permitiu a colocação de um stent para manter o canal arterial aberto, assegurando o fluxo de sangue para os pulmões e melhorando a oxigenação da criança. Para a chefe do Serviço de Cardiologia Pediátrica do CHDCP, Glória Mawete, este é um marco que simboliza “um progresso significativo na modernização do sistema de saúde nacional”.

No mesmo hospital, outras quatro crianças com menos de dez anos foram igualmente submetidas a cirurgias cardíacas, todas realizadas com sucesso. Estas operações integram uma campanha do CHDCP que decorre entre 15 e 20 de Setembro e que prevê operar cerca de dez menores internados com patologias graves como tetralogia de Fallot, CIV, CIA e PCA.

Os procedimentos estão a ser realizados com o apoio de uma equipa internacional de especialistas britânicos ligados à Fundação Healing Little Hearts, chefiada pelo cirurgião cardíaco Dr. Stefano. A missão inclui ainda cardiologistas, anestesistas, intensivistas e enfermeiros especializados.

Durante a recepção da equipa estrangeira, a directora-clínica do CHDCP, Francisca Quifica, destacou a importância da cooperação: “Esta troca de experiências é de extrema importância para os nossos profissionais e para as crianças, que poderão voltar a sorrir com a realização destas cirurgias”.

O êxito da operação ao bebé de seis meses não é apenas um triunfo médico, mas também um sinal claro de que Angola começa a romper barreiras na medicina pediátrica, devolvendo esperança a famílias que, até agora, viam no exterior a única solução.