0º C

11 : 56

Ministério Público desiste da maioria das acusações contra o general “Kopelipa” e mantém apenas uma

Um dos processos judiciais mais mediáticos de Angola deu uma reviravolta inesperada: o Ministério Público (MP) retirou seis das sete acusações que pesavam sobre o general Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, mantendo apenas o crime de tráfico de influências. A decisão, revelada esta segunda-feira no Tribunal Supremo, surpreendeu muitos e marcou um ponto decisivo no chamado “caso dos generais”.

Registro autoral da fotografia

Há 2 meses
2 minutos de leitura

Durante três horas de alegações, o representante do MP admitiu não ter conseguido provar os crimes de peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, associação criminosa e abuso de poder. Assim, pediu a condenação de Kopelipa apenas por tráfico de influências, delito que, segundo o MP, continua a estar devidamente sustentado pelas provas apresentadas.

Já para os outros arguidos, Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, o empresário chinês Yiu Haiming e o advogado Fernando Gomes dos Santos, o MP pediu condenações por burla por defraudação, branqueamento de capitais, tráfico de influências e falsificação de documentos.

As empresas China International Fund (CIF), Plansmart International Limited e Utter Right International Limited, igualmente arguidas, enfrentam pedidos de condenação por tráfico de influências e branqueamento de capitais.

O Ministério Público requereu ainda a perda a favor do Estado dos bens apreendidos e a aplicação da perda alargada de património aos acusados.

O julgamento, referente ao processo n.º 38/2022, decorre desde 10 de Março no Tribunal Supremo, e envolve alegados esquemas milionários ligados à reconstrução nacional financiada pela China, em parceria com o grupo CIF.

Entre as figuras citadas no processo está o ex-Vice-Presidente da República e antigo presidente da Sonangol, Manuel Vicente, que, embora não seja arguido, surge recorrentemente mencionado nas acusações.

A juíza conselheira Ana Bela Valente, relatora do processo, marcou para 20 e 27 de Outubro as datas da leitura dos quesitos e do acórdão, respectivamente. O julgamento conta com 38 declarantes e promete ainda novas revelações antes do desfecho final.