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Polícia trava vigília em Luanda e detém jovens que exigiam libertação de presos políticos

O acto, convocado por activistas da sociedade civil junto ao Jardim São Domingos, foi interrompido por um forte contingente policial. Organizadores falam em repressão e violação da lei.

Registro autoral da fotografia

Há 9 horas
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A Polícia Nacional impediu, na noite de sexta-feira, em Luanda, a realização de uma vigília pacífica pela libertação dos presos políticos, convocada por membros da sociedade civil. Vários jovens foram retirados à força do local, e alguns acabaram detidos, segundo testemunhou a agência Lusa.

O acto estava previsto para o Jardim São Domingos, junto à igreja com o mesmo nome, mas nunca chegou a acontecer. Um forte dispositivo policial cercou a zona e impediu qualquer concentração, alegando falta de autorização do Governo Provincial de Luanda.

Os participantes, muitos vestidos de preto com t-shirts que exibiam a frase “Vozes Livres, Presos Políticos Livres”, foram dispersos por agentes uniformizados e à paisana, o que levou ao cancelamento da iniciativa.

A activista Laura Macedo, uma das organizadoras, descreveu um “cenário de intimidação”, afirmando que o local estava repleto de viaturas policiais e agentes à paisana. Segundo relatou, um dos oficiais apresentou “uma carta fictícia” para justificar a ordem de desmobilização.

“Estou aqui desde as 17 horas, rodeada de polícia. Dizem que há uma carta, mas nenhum de nós a viu. É sempre a mesma desculpa para travar acções pacíficas”, lamentou a activista, acrescentando que cerca de 15 jovens foram levados pela polícia, incluindo alguns transeuntes.

Laura Macedo classificou a actuação das autoridades como ilegal e abusiva, defendendo que a lei não exige autorização para a realização de vigílias e concentrações pacíficas. “Não estávamos sequer no Largo, apenas reunidos. O Governo insiste em usar a polícia para reprimir”, criticou.

Os organizadores pretendiam exigir a libertação imediata de mais de dez cidadãos detidos em várias cadeias do país, acusados de crimes como rebelião, terrorismo e instigação pública ao crime, que, segundo os activistas, “apenas exerceram os seus direitos constitucionais”.

Apesar da repressão, Laura Macedo garantiu que as acções vão continuar, admitindo a realização de “manifestações espontâneas”.

“Das sete da noite à meia-noite a lei permite. Então, do que têm medo? Será que o Presidente João Lourenço tem medo de mim?”, questionou, em tom de desafio.