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Relatório do CEDESA aponta desemprego juvenil como entrave central ao desenvolvimento

A estabilização social deve ser encarada como o maior desafio de Angola nos próximos anos, conclui uma análise do Centro de Estudos para o Desenvolvimento Económico e Social de Angola (CEDESA). O relatório sublinha que problemas estruturais como o desemprego juvenil estimado em 32% continuam a condicionar a coesão nacional e exigem respostas mais eficazes por parte das autoridades.

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O documento defende que o crescimento em sectores como infraestruturas, energia, mineração e educação poderá criar milhares de empregos, mas alerta para a necessidade de garantir sustentabilidade e distribuição equitativa das oportunidades. O CEDESA insiste que o país só avançará se assegurar acesso universal a bens essenciais como educação, habitação, água potável e energia, o que requer uma governação “competente, transparente e aberta ao escrutínio público”.

Na avaliação política, a rede de investigadores identifica sinais de incerteza ligados à sucessão de João Lourenço na liderança do MPLA e ao fortalecimento das forças da oposição, que se consideram em condições de disputar o poder. O ambiente económico, acrescenta, mantém-se “misto”: por um lado, um clima de pessimismo; por outro, a execução de projectos de relevo, sobretudo no sector das infraestruturas, que mitigam parte da adversidade conjuntural.

O estudo critica igualmente a actuação do Fundo Monetário Internacional (FMI), acusando-o de manter “receitas ineficazes” centradas na contenção da despesa pública e de pressionar Angola para antecipar a reforma dos subsídios aos combustíveis medida que representa 2,5% do PIB em custos anuais e que o governo adiou para 2028.

Em relação ao Executivo, o CEDESA considera insuficientes os avanços na diversificação económica e critica a gestão da dívida com a China, afirmando que tem sido paga “à custa do bem-estar nacional”.

Ainda assim, o centro reconhece progressos em várias áreas, nomeadamente reformas legislativas no sector energético, mineiro e financeiro, bem como investimentos na saúde, educação e no corredor logístico do Lobito. Para os investigadores, o futuro do país dependerá da capacidade de “romper com velhos vícios” e de consolidar uma cultura política assente no mérito, na participação democrática e na justiça social.