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Chefe de Estado admite pensar diariamente sobre o seu substituto

O Presidente da República, João Lourenço, reconheceu estar a reflectir activamente sobre a sua sucessão política, sublinhando que o país “não pode ficar nas mãos de um qualquer”. A afirmação foi feita numa entrevista concedida à CNN Portugal, onde o Chefe de Estado angolano assumiu, de forma aberta, a responsabilidade de ajudar na escolha do seu eventual substituto.

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“É evidente que penso todos os dias. Penso calado, como se diz”, declarou o Presidente, admitindo que a escolha da próxima liderança deve garantir continuidade e progresso. “Não seria verdade dizer que não penso, tenho que pensar. É meu dever pensar, porque não podemos deixar que o país fique nas mãos de um qualquer”, frisou.

João Lourenço afirmou que pretende contribuir activamente nesse processo, mesmo sabendo que a decisão final não depende exclusivamente da sua vontade. “É a minha obrigação ajudar a encontrar um substituto que me vai substituir. Digo ajudar porque não depende apenas da minha vontade, mas com certeza que estou em melhores condições do que qualquer outro cidadão para indicar o rumo a seguir.”

O líder angolano acrescentou ainda que espera que o seu sucessor faça “igual ou melhor” e assumiu que, se isso não acontecer, poderá sentir-se parcialmente responsável. “Ficarei com remorso se quem vier não conseguir manter ou melhorar o que foi feito.”

Na entrevista, João Lourenço também defendeu o rejuvenescimento da liderança política, aludindo ao histórico da própria governação angolana. “Há 46 anos, quando perdemos o Presidente Agostinho Neto, o país foi liderado por um jovem de 37 anos. Porque não voltar a confiar num jovem preparado para liderar?”, questionou. “Hoje temos vários jovens capacitados para essa missão.”

Ainda no plano institucional, abordou os 50 anos da independência nacional, a celebrar-se a 11 de Novembro, reconhecendo avanços, mas também desafios ainda por vencer. “Em 50 anos fizemos muito, mais do que o regime colonial português em 500 anos. Mas há ainda trabalho por fazer. Os países não são projectos acabados, constroem-se todos os dias.”

O Presidente foi igualmente confrontado com acusações de perseguição política à empresária Isabel dos Santos, rejeitando a narrativa. “Se também Portugal e a Holanda estão atrás dela, então a tese da perseguição política não faz sentido. A justiça deve seguir o seu curso.”

Sobre as relações com Portugal, João Lourenço reiterou a vontade de ver um reforço do investimento luso em sectores produtivos. “Gostaria de ver mais empresas portuguesas a apostar na indústria, agro-pecuária, pescas e turismo. Felizmente, essa tendência está a crescer, e muitos empresários portugueses já começaram a produzir em Angola e a empregar cidadãos angolanos.”