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Economista prevê colapso se Angola não transformar riqueza petrolífera em economia real

Angola está a viver uma contagem decrescente que pode definir o seu futuro económico. O aviso vem do economista Arsénio Bumba, que considera que o país dispõe de apenas 20 a 25 anos para transformar as receitas do petróleo em diversificação produtiva — sob pena de, depois de 2050, enfrentar uma crise estrutural com o colapso da procura mundial pelo crude.

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De acordo com o especialista, as reservas comprovadas rondam os 7,5 mil milhões de barris, o que, ao ritmo actual de 1 milhão de barris/dia, garante pouco mais de duas décadas de exploração. “Estamos numa verdadeira corrida contra o tempo. Se não agirmos agora, poderemos chegar a 2050 sem petróleo relevante no mercado e sem alternativas económicas para sustentar o país”, alertou.

O cenário é agravado pelo declínio da produção: Angola já atingiu 1,8 milhão de barris/dia entre 2008 e 2010, mas hoje produz quase metade. Com mais de 50% do Orçamento Geral do Estado dependente do crude, o risco de colapso fiscal é real.

Para inverter a tendência, Arsénio Bumba defende leilões mais céleres de concessões petrolíferas, um ambiente regulatório mais competitivo e novos investimentos estrangeiros, sobretudo através de parcerias público-privadas. “Cada barril adicional produzido antes de 2050 significa mais receitas para financiar a diversificação económica”, frisou.

O economista insiste que o petróleo deve ser encarado apenas como alavanca transitória. As receitas, sublinha, precisam de ser canalizadas para sectores estratégicos como agricultura, energia renovável, indústria transformadora, tecnologia, turismo sustentável e educação qualificada. Só assim o país poderá, até 2050, aspirar a figurar entre as cinco maiores economias africanas, capaz de sustentar uma população que deverá ultrapassar os 50 milhões de habitantes.

Num apelo directo ao Executivo e à sociedade, Arsénio Bumba reforçou: “A transição energética é inevitável. O tempo para agir é agora. Cada ano perdido é uma oportunidade desperdiçada. O futuro de Angola depende das decisões que tomarmos hoje”.