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Juíza admite falha em pleno julgamento de Dino e Kopelipa

O julgamento que envolve os generais “Dino” e “Kopelipa” conheceu esta segunda-feira um momento insólito: a juíza Anabela Valente assumiu publicamente ter cometido um erro ao admitir a participação de um advogado que, afinal, defende interesses privados num processo que deveria focar-se nos danos ao Estado.

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Durante a audiência, e perante os presentes em sala, a magistrada declarou que autorizou indevidamente o advogado Heráclito Pedro, representante da Angola Drill Company (ADC), SA, a integrar o processo como assistente, ignorando que este apenas actuava em nome de uma entidade com interesses particulares e não da República de Angola.

“Foi um erro da minha parte ter deferido o vosso pedido para se constituir assistente neste processo, porque o ilustre advogado está a defender interesses particulares, não do Estado”, admitiu Anabela Valente. O deslize tornou-se evidente após o advogado interrogar o general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” sobre a titularidade do terreno onde foi erguido o emblemático edifício CIF One Luanda e sobre a proveniência dos fundos usados na sua construção.

A juíza salientou ainda que a Angola Drill Company está envolvida num processo distinto, a correr no Tribunal Civil de Luanda, precisamente relacionado com o mesmo imóvel, o que torna a sua intervenção nesta acção judicial imprópria.

General “Dino” foi ouvido em tribunal

A audiência desta segunda-feira centrou-se no testemunho de Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”. Para a sessão de terça-feira, estão agendados os depoimentos do cidadão chinês Yiu Haiming, ex-director da CIF Angola, e do advogado Fernando Gomes dos Santos.

Este julgamento, que põe no banco dos réus duas figuras poderosas do antigo aparelho militar e empresarial angolano, continua a atrair atenção mediática não só pela dimensão dos implicados, mas também pelos contornos financeiros e imobiliários que envolvem projectos de grande visibilidade na capital do país.