Angola progrediu na economia e estagnou na política pós Eduardo dos Santos, dizem investigadores
Investigadores e académicos angolanos divergem sobre as alterações registadas em Angola no período pós-governação José Eduardo dos Santos, ex-Presidente, apontando avanços na construção de infra-estruturas mas também estagnação em matéria política.

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Em declarações à agência Lusa, o economista Alves da Rocha considerou que foram registados progressos, no período pós-dos Santos, no domínio económico e das infra-estruturas, reconhecendo que, a nível da diversificação económica, “o processo é demorado e tem que reunir uma série de condições”, entre as quais culturais e institucionais, para a sua efectivação e consolidação.
Em sentido contrário, o economista Carlos Rosado de Carvalho concluiu que, do ponto de vista económico, “não há antes e depois de Eduardo dos Santos, é a mesma coisa”, porque “quem Governa é o partido MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola]”.
“Ao fim destes anos todos o que é que a gente vê? É a mesma coisa, não há diferença do ponto de vista da economia, não há. Acho que há nos petróleos a alteração do ponto de vista da legislação”, referiu.
Os dois economistas participaram esta Segunda-feira, em Luanda, no lançamento da antologia “Angola, pós-dos Santos”, uma colectânea de artigos produzidos por investigadores angolanos e noruegueses e académicos internacionais que fazem investigação sobre Angola, sob patrocínio da Embaixada da Noruega em Angola.
Comentando as observações de Carlos Rosado de Carvalho, o investigador Alves da Rocha assinalou que “a era do Presidente João Lourenço [que sucedeu a Eduardo dos Santos] é de paz”, um contexto em que “é possível fazer coisas diferentes, mais do que numa época de guerra”.
“O Presidente José Eduardo dos Santos, nos seus 38 anos de governação ou de presidência, só depois de 2002 é que teve a paz e há que reconhecer que nesse aspecto foram gizados planos e programas de desenvolvimento”, sublinhou.
Alves da Rocha concorda, no entanto, com Carlos Rosado de Carvalho sobre o ponto de vista político, já que “o partido que governa é o mesmo, a filosofia é a mesma”.
“O nosso problema não é a pessoa que está à frente, o nosso problema é o sistema, é o partido que governa Angola (…). Houve algumas alterações até meados do primeiro mandato [de João Lourenço], mas a partir de meados do primeiro mandato houve um recuo tremendo e regressámos rigorosamente às mesmas coisas que existiam anteriormente”, vincou.
Por sua vez, o pesquisador angolano Francisco Paulo, que abordou a “Redução da Dependência do Petróleo como Motor da Democracia”, frisou que diminuíram as receitas petrolíferas angolanas na governação de João Lourenço em cerca de oito mil milhões de dólares.
Francisco Paulo destacou que este défice levou o Governo a lançar um programa de reforma tributária, cobrando impostos à população, que começa, por outro lado, a aumentar o nível de exigências, demonstrando uma maior consciência democrática.
“É importante que a AGT [Administração Geral Tributária] faça o seu trabalho com toda a imparcialidade e que as receitas sejam usadas para fornecer serviços públicos de qualidade e aliviar as empresas”, vincou.
Segundo o pesquisador, aumentaram as reivindicações sindicais, com várias greves a ocorrerem em diversos sectores, considerando uma das principais alterações entre os dois períodos a escassez de receitas petrolíferas, que exigem uma aposta nos impostos não petrolíferos.
Para Francisco Paulo, houve alterações nos últimos oito anos, mas “o grande problema é que o nível de vida da população está pior”, sobretudo entre jovens dos 15 aos 24 anos, a maioria sem formação e sem emprego.
José Eduardo dos Santos, ex-Presidente da República (já falecido), governou Angola entre 1979 e 2017, tendo-lhe sucedido o actual chefe de Estado, João Lourenço, a cumprir o segundo mandato, que termina em 2027.
C/VA
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