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APOSTA NO FRANCÊS DEIXA DE LADO AS LÍNGUAS NACIONAIS: Cultura angolana em risco nas escolas públicas

Enquanto o Ministério da Educação se prepara para implementar o ensino do francês em 144 escolas, a partir da quinta classe, as línguas nacionais continuam a ser negligenciadas no currículo escolar, levantando preocupações sobre a preservação da cultura e identidade angolana.

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Há 5 meses
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A introdução da língua francesa no currículo escolar, a partir do próximo ano lectivo 2024/2025, está a gerar polémica. Enquanto o Ministério da Educação celebra a inclusão do francês em 144 escolas, o ensino das línguas nacionais permanece em segundo plano, deixando as tradições culturais angolanas à mercê do esquecimento.

Caetano Domingos, director do Instituto Nacional de Formação de Quadros da Educação (INFQE), anunciou que a formação dos professores já começou, com apoio financeiro do governo francês, para garantir que o francês seja leccionado em todas as escolas do primeiro nível nos próximos anos. Este projeto, embora ambicioso, levanta questões cruciais sobre as prioridades educacionais do país.

Com a implementação deste novo currículo, as línguas tradicionais, que são fundamentais para a preservação da identidade e cultura angolana, continuam a ser deixadas de lado. A realidade nas escolas públicas mostra uma falta de incentivo e recursos para o ensino de línguas como o umbundu, kimbundu e kikongo, que são faladas por milhões de angolanos.

A ministra da Educação, Luísa Grilo, havia mencionado anteriormente a intenção de introduzir o francês e o inglês nas classes mais jovens. Contudo, a omissão do ensino das línguas nacionais na lista de prioridades revela uma tendência preocupante de afastamento das raízes culturais, substituindo-as por línguas estrangeiras que, embora importantes, não representam a essência do povo angolano.

Especialistas e defensores da cultura angolana criticam a falta de estratégias claras para promover o ensino das línguas nacionais nas escolas públicas, que já enfrentam inúmeros desafios, incluindo a falta de materiais didáticos e formação adequada para os professores. Para muitos, esta situação é vista como um reflexo de uma política que privilegia a influência estrangeira em detrimento do património cultural próprio.

A aposta no francês pode ser vista como uma tentativa de alinhar a educação angolana com padrões internacionais, mas a que custo? A identidade cultural das novas gerações pode estar em risco se as línguas nacionais não receberem a devida atenção e valorização no sistema educativo.

A ausência de um plano robusto para o ensino das línguas nacionais nas escolas é uma falha que pode ter repercussões significativas na coesão social e na preservação da herança cultural de Angola. Enquanto o país avança em direcção ao bilinguismo com o francês e o inglês, a pergunta que muitos se fazem é: o que acontecerá com as línguas que formam a alma da nação?

PONTUAL, fonte credível de informação.