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Auditorias expõem fragilidade nas empresas públicas: mais de metade com contas sob reservas

O retrato das empresas públicas angolanas em 2024 é preocupante: apenas 38% conseguiram aprovação das suas contas sem reservas, enquanto a maioria foi alvo de reparos ou mesmo reprovação por parte de auditores independentes. No total, foram emitidas 141 reservas a 69 empresas, um aumento de 12 face ao ano anterior, de acordo com o Relatório Agregado do Sector Empresarial Público (SEP) consultado esta quinta-feira.

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O sector conta actualmente com 87 empresas — menos seis do que em 2023 — das quais 81 estavam activas. Dessas, 69 apresentaram contas e 66 submeteram-nas a auditorias independentes, que revelaram falhas recorrentes na gestão e transparência. Do universo analisado, 58% das contas foram aprovadas com reservas e 4% acabaram chumbadas.

Apesar dos sinais de alerta, os números globais do SEP registaram crescimento. O activo total subiu 9,1%, fixando-se em 39,579 biliões de kwanzas, enquanto o passivo cresceu 7,7%, ultrapassando os 25,026 biliões. Já os capitais próprios avançaram 11,5%, para mais de 14,55 biliões de kwanzas.

O resultado líquido conjunto foi de 788,4 mil milhões de kwanzas, uma queda de 13,1% em relação a 2023, revelando a erosão dos lucros num ano de maior pressão financeira.

No que toca ao peso do Estado, as transferências para capitalização e subsídios à exploração totalizaram 147,3 mil milhões e 46,3 mil milhões de kwanzas, respectivamente, valores inferiores aos do exercício anterior. Em contrapartida, os cofres públicos arrecadaram 47,5 mil milhões em dividendos, sinal de que, apesar das fragilidades, as empresas continuam a gerar retorno.

Especialistas consideram que o volume de reservas emitidas põe em evidência falhas graves de governação e reforça a urgência de reformas no sector empresarial público, sob pena de as empresas se tornarem um fardo insustentável para o Estado.