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Contrato suspeita? mais 30 milhões da Sonangol para empresa do filho do PCA

A Sonangol canalizou 35 milhões de dólares para a Alfort Petroleum, empresa privada liderada por Gianni Policarpo Gaspar Martins, filho do presidente do Conselho de Administração da petrolífera estatal, Sebastião Pai Querido Gaspar Martins. O caso, associado à exploração do bloco onshore KON 8, está a gerar fortes críticas e a ser apontado como exemplo de conflito de interesses e nepotismo no seio da companhia.

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Há 4 dias
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O contrato de partilha de produção do bloco KON 8 foi celebrado em Agosto de 2022. Poucos meses depois, em Novembro, a Alfort Petroleum assumiu a gestão do activo, comprometendo-se a investir 35 milhões de dólares em fases iniciais, incluindo levantamentos sísmicos e estudos ambientais. A área concessionada localiza-se maioritariamente dentro do Parque Nacional da Quiçama, o que acrescenta exigências ambientais ao projecto.

Contudo, em vez de mobilizar recursos próprios, a empresa obteve directamente da Sonangol o montante necessário, situação que levantou acusações de favorecimento familiar. Críticos consideram que a petrolífera estatal, em vez de assegurar o interesse público, acabou por financiar negócios privados ligados ao círculo do poder.

A polémica adquire maior relevo por ocorrer sete anos depois de o Presidente João Lourenço ter afastado Isabel dos Santos da liderança da Sonangol, invocando má gestão e nepotismo. Para muitos observadores, o novo episódio fragiliza a narrativa de moralização da companhia e reacende dúvidas sobre a transparência na governação do sector petrolífero.

Face às críticas, Gianni Policarpo Gaspar Martins defendeu-se, alegando que a sua nomeação e actuação resultam de mérito e trabalho. Sublinhou que, à frente de uma empresa de direito angolano com capital estrangeiro, procura assegurar uma agenda de responsabilidade social, criar emprego e apoiar a formação de jovens angolanos.

Ainda assim, para vários analistas, a decisão de financiar a empresa de um familiar directo do presidente do Conselho de Administração da Sonangol representa um retrocesso e um sinal de que a concentração de poder em torno do petróleo continua a favorecer interesses particulares em detrimento do interesse público.

C/Ecos do Henda