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Crise na Rádio Despertar: Onda de despedimentos ameaça dezenas de trabalhadores

A Rádio Despertar, conhecida pelo seu alinhamento com a UNITA, está a ser palco de um drama laboral que ameaça lançar dezenas de trabalhadores no desemprego. De acordo com o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), uma reestruturação em curso poderá levar ao afastamento de mais de 40 funcionários, incluindo jornalistas, deixando muitas famílias numa situação de incerteza e desespero.

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Há 1 semana
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Pedro Miguel, secretário-geral do SJA, denunciou que a direcção da emissora justifica esta vaga de despedimentos com um suposto pedido dos accionistas, alegando dificuldades financeiras. “Esta rádio tem quase 70 trabalhadores, mas alega só ter capacidade para 20. Foi-nos apresentado um cronograma da reestruturação, mas quem acaba sempre penalizado é o trabalhador”, lamentou.

A decisão, que caiu como uma bomba entre os profissionais da rádio, já está a gerar revolta. Muitos dos visados queixam-se de indemnizações irrisórias e denunciam obstáculos à criação de um núcleo sindical que pudesse defender os seus direitos. As condições precárias e os salários miseráveis pagos por esta e outras rádios privadas e públicas em Angola são apontados como um problema estrutural.

Pedro Miguel afirmou que o sindicato está a acompanhar a situação de perto, mas admitiu que a sua acção é limitada, uma vez que os trabalhadores da Rádio Despertar não estão filiados no SJA. “Mesmo sem filiação, não podíamos ficar indiferentes a esta tragédia laboral”, sublinhou.

A crise da Rádio Despertar parece ser apenas a ponta do iceberg. Outras rádios, como a Comercial Cabinda, a Morena (Benguela) e a 2000 (Huíla), vivem em autêntica mendicidade, com jornalistas a trabalhar por salários indignos. O SJA, ciente da gravidade da situação, convocou uma assembleia geral para a próxima semana em Luanda, onde se discutirá a progressão na carreira e os reajustes salariais nas empresas de comunicação social públicas.

Entretanto, a direcção da Rádio Despertar e a UNITA mantêm um silêncio sepulcral sobre o assunto, recusando prestar esclarecimentos. O futuro destes trabalhadores continua em suspenso, enquanto a crise no sector da comunicação social em Angola se agrava a olhos vistos.

PONTUAL, fonte credível de informação.