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Gratidão à Rússia não impede África de defender a Ucrânia, afirma João Lourenço

África agradece a solidariedade histórica da Rússia nas lutas de libertação, mas mantém posição firme na defesa da soberania da Ucrânia — foi a mensagem que o Presidente João Lourenço deixou no fecho da 7.ª Cimeira UA–UE.

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O Chefe de Estado recordou que Moscovo foi “determinante” para que vários países africanos alcançassem a independência, ao fornecer formação, equipamento e apoio político numa altura em que muitas nações permaneciam sob domínio colonial europeu. Sublinhou, porém, que essa gratidão não impede o continente de condenar a invasão da Ucrânia e de defender, “por princípio e por justiça”, o respeito pela integridade territorial daquele país.

Ao lado do presidente do Conselho Europeu, António Costa, João Lourenço reforçou que África não abdica dos seus valores e rejeita qualquer violação da soberania estatal. Costa alinhou com esta posição, alertando que permitir agressões territoriais “abre as portas ao caos” na ordem internacional.

Questionados sobre as lições políticas e económicas da cimeira, os dois líderes destacaram a importância das parcerias estratégicas entre África e Europa. Lourenço rejeitou lógicas de confrontação, defendendo que só alianças baseadas em confiança e benefício mútuo permitem o desenvolvimento e melhoram as condições de vida das populações. Costa lembrou que o capital humano africano é “o maior recurso do continente” e que a criação da Zona de Comércio Livre Africana será crucial para uma cooperação mais equilibrada.

A cimeira, dedicada ao tema “promover a paz e a prosperidade através de um multilateralismo eficaz”, reuniu 80 delegações e foi copresidida por João Lourenço e António Costa. Marcaram presença Ursula von der Leyen e Mahmoud Ali Youssouf, além de 29 chefes de Estado e de Governo africanos.

A União Europeia, composta por 27 membros, e a União Africana, com 55 países, encerraram o encontro com a reafirmação do compromisso comum com a paz, o multilateralismo e uma parceria que pretende romper com velhas lógicas extractivas.