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Mara Quiosa exige uma África soberana e menos dependente: «Temos os recursos, temos o povo»

A vice-presidente do MPLA, Mara Quiosa, lançou esta Segunda-feira, em Marraquexe, um apelo vibrante pela construção de uma África auto-suficiente, guiada pelos próprios africanos e livre da dependência de outros continentes. Fê-lo durante o Fórum Ibrahim 2025, onde líderes políticos e especialistas discutem os caminhos para o desenvolvimento sustentado do continente.

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“Queremos uma África próspera, feita por africanos e cada vez menos dependente do exterior”, afirmou, sublinhando que Angola já começou a trilhar esse caminho, com investimentos focados na diversificação da economia, na agricultura e nas infra-estruturas.

Num discurso que misturou firmeza política com ambição económica, Quiosa defendeu que o continente não pode continuar à mercê da ajuda externa: “Temos recursos naturais e, mais do que isso, temos capital humano a nossa verdadeira bandeira.”

A intervenção da dirigente angolana surgiu num momento em que vários países africanos enfrentam cortes significativos na ajuda internacional, sobretudo dos Estados Unidos e da Europa. O tema da conferência “Alavancar os recursos de África para colmatar o défice financeiro” colocou em cima da mesa o dilema entre dependência e soberania financeira.

Mara Quiosa destacou os avanços de Angola no caminho para a auto-suficiência, nomeadamente através da redução da dependência do petróleo e do fomento à produção agrícola. “Temos investido em fertilizantes, agricultura mecanizada e aproveitamento das vastas terras aráveis do país”, frisou. Acrescentou ainda que as infra-estruturas rodoviárias estão a facilitar o escoamento da produção do campo para as cidades.

Como prova do compromisso com a responsabilidade fiscal, a dirigente recordou que Angola pagou antecipadamente a dívida ao Brasil, cinco anos antes do prazo, em 2019. “É um sinal de que somos um país sério, que honra os seus compromissos internacionais”, disse.

Segundo o relatório “Financiar a África que queremos”, divulgado pela Fundação Mo Ibrahim, Angola está entre os três países africanos com os maiores encargos anuais de reembolso da dívida externa, superando os 10 mil milhões de dólares. Esta pressão limita investimentos em áreas cruciais como saúde, educação e clima.

A conferência, que termina esta Terça-feira, junta políticos, académicos e activistas em busca de soluções concretas para que África deixe de pedir ajuda e passe a liderar o seu próprio destino.