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Oxford Economics alerta: corte da taxa de juro em Angola pode «incendiar» inflação

A redução das taxas de juro de referência em Angola, anunciada esta semana pelo Banco Nacional de Angola (BNA), gerou fortes críticas da consultora britânica Oxford Economics, que classificou a medida como “imprudente” face ao risco de a inflação disparar para níveis superiores a 20% em 2025.

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Há 7 dias
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“O corte surpreendeu, sobretudo porque a subida dos preços dos combustíveis vai inevitavelmente pressionar os preços em geral, travando o processo de desinflação”, alertou o analista Christian Franken, em declarações à Lusa. Para o especialista, a medida coloca em causa o objectivo oficial do BNA de reduzir a inflação para 17,5% no próximo ano.

O banco central angolano decidiu baixar as três principais taxas em 0,5 pontos percentuais, fixando a taxa básica nos 19%. Foi a primeira descida desde 2023. O governador Manuel Tiago Dias justificou a decisão com a desaceleração da inflação mensal, que caiu para 1,09% em Agosto, destacando a redução dos preços no sector dos transportes.

A Oxford Economics, no entanto, prevê que a inflação média em 2025 ronde os 20,8%, acima da meta oficial. “As taxas podem não ser suficientemente altas para conter a escalada dos preços, a menos que sejam novamente aumentadas”, reforçou Franken, sublinhando que o BNA, ao contrário de outros bancos centrais, não tem como único mandato o combate à inflação, mas também o estímulo à economia.

Para os analistas, a decisão do banco central pode estar ligada à necessidade de dinamizar uma economia sufocada pela queda da procura mundial de petróleo e diamantes. No entanto, a Oxford Economics avisa: taxas mais baixas agora podem significar uma factura mais pesada no futuro, com inflação a corroer o poder de compra das famílias angolanas.