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Atrasos nos vistos ameaçam confiança no país: investidores estrangeiros cansados da lentidão burocrática

Investidores estrangeiros a operar em Angola lançaram um alerta sério esta Quinta-feira: a demora na renovação de vistos está a pôr em causa a confiança no país como destino de negócios. A denúncia foi feita durante um encontro com o Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) e a Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX), onde se multiplicaram queixas sobre burocracia, atrasos e entraves administrativos.

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Há 1 semana
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O encontro, convocado para “esclarecer dúvidas” e reforçar o alinhamento institucional entre as duas entidades, acabou por expor um dos calcanhares de Aquiles da economia angolana: a morosidade dos processos que travam investimentos e desmotivam empresários.

Arlindo Rangel, presidente do Conselho de Administração da AIPEX, reconheceu que muitas críticas têm fundamento. “Alguns investidores têm razão, outros nem tanto, mas o essencial é que ouvimos as preocupações e vamos trabalhar com os ministérios competentes para remover estas dificuldades”, afirmou, sublinhando que a prioridade é “não criar entropias e não deixar fugir aqueles que já cá estão”.

Rangel destacou ainda que, embora a lei permita até 30% de força de trabalho expatriada, actualmente não chega a 5% a presença de mão-de-obra estrangeira nos projectos, um dado que contrasta com a percepção de excesso de trabalhadores estrangeiros.

Já Domingas Mendonça, porta-voz do SME, explicou que parte das queixas resulta do desconhecimento da lei, como no caso da caução de repatriamento, valor equivalente ao bilhete de regresso exigido a cidadãos estrangeiros com visto de trabalho. “A finalidade é garantir a saída do estrangeiro em situação de ilegalidade. As empresas podem pedir a devolução até 30 dias após o fim do contrato”, clarificou.

Apesar das justificações oficiais, o encontro deixou no ar a inquietação dos investidores: sem rapidez nos vistos e segurança jurídica, Angola arrisca perder capital e oportunidades para países concorrentes na região.