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Biya eterniza-se no poder: o presidente de 92 anos inicia oitavo mandato

O veterano presidente dos Camarões, Paul Biya, voltou esta quinta-feira, 6, a jurar fidelidade à Constituição e ao poder, iniciando o seu oitavo mandato consecutivo num clima de tensão política e desilusão popular. Aos 92 anos, Biya promete “um país unido, estável e próspero”, mas muitos camaroneses já não acreditam nas suas palavras.

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Há 14 horas
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A cerimónia de posse decorreu no Parlamento, em Yaoundé, transformada por um forte dispositivo militar que deixou a capital quase deserta. O líder, que governa desde 1982, foi reeleito com 53,66% dos votos, segundo o Tribunal Superior, num processo que a oposição classificou como “um golpe constitucional”.

A população reagiu com apatia e descrença. “É uma pena. Já não me importo com o que ele faz. Não há estradas, nem água, nem empregos”, lamentou uma costureira da capital, resumindo o sentimento de cansaço que atravessa grande parte da sociedade camaronesa.

Analistas políticos descrevem a nova posse como um acto de continuidade num país profundamente dividido. Munjah Vitalis Fagha, professor da Universidade de Buea, considerou que o evento ocorreu “numa atmosfera tensa, mas controlada, marcada pelo fosso crescente entre a elite no poder e uma população cada vez mais desiludida”.

Paul Biya, o chefe de Estado mais velho do mundo em exercício, consolidou o seu domínio após a revisão constitucional de 2008, que eliminou o limite de mandatos e lhe permitiu prolongar indefinidamente o reinado político.

Com mais de quatro décadas à frente dos Camarões, Biya é visto por muitos como símbolo de estabilidade por uns e de estagnação por outros, um “rei republicano” cuja longevidade política desafia o próprio tempo.