Investigador do CES de Coimbra critica rumo político de Angola
Em entrevista à Lusa, o investigador do Centro de Estudos Sociais de Coimbra, Celso Braga Rosa, critica a governação pós-independência e afirma que o país continua “preso aos vícios coloniais” meio século depois da libertação.

Registro autoral da fotografia
O antropólogo angolano Celso Braga Rosa traça um retrato sombrio do seu país natal. Nascido em 1973, o investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra afirma que Angola “está à beira de ser um Estado falhado”, apesar de ter celebrado, em 2025, meio século de independência.
“Angola é um Estado à procura de si mesmo”, declarou o académico em entrevista à agência Lusa, lamentando o que considera ser um regresso de práticas repressivas e a persistência de estruturas herdadas do período colonial. “O desaparecimento de pessoas que se opõem ao regime está a voltar a acontecer”, denuncia.
Natural do Uíge (antiga Carmona), Celso Rosa deixou Angola em 1976, quando a família se mudou para Portugal. Desde então, regressou ao país em três ocasiões, entre 2007 e 2010, em missões de investigação. Quinze anos depois da última visita, afirma ver o país “refém dos mesmos vícios de poder” e distante do ideal de Estado de direito sonhado pelos libertadores.
Segundo o antropólogo, a “descolonização atabalhoada e rápida” que marcou a transição para a independência deixou marcas profundas. “Angola passou a replicar o mesmo sistema que o colono punha em prática. Há uns que querem novamente aquilo que os outros não podem ter”, observa, sublinhando que o fenómeno se estendeu a outras ex-colónias portuguesas em África, Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Para Celso Braga Rosa, o problema é estrutural: “Durante centenas de anos, os povos colonizados foram levados a acreditar que não eram pessoas. A colonização é o acto mais violento que podemos ter. Dela não nasce uma democracia sã.”
O investigador considera que os novos Estados africanos nasceram dentro de fronteiras impostas de fora, “que cortaram a meio povos e nações”, dificultando o processo de construção nacional. “Passaram 50 anos, mas eu diria: passaram apenas 50 anos. Não é fácil pensar o futuro”, reconhece.
Autor da obra “Sobretudo a agonia. Angola, memórias de uma guerra íntima”, lançada em Junho na Feira do Livro de Lisboa, Celso Braga Rosa cruza no livro memórias familiares e arquivos pessoais para revisitar a história recente de Angola. Através das lembranças do pai, antigo seminarista que se alistou voluntariamente no Exército português e serviu três comissões como operador de transmissões, o autor reconstrói a tensão e a dor de uma época marcada pela guerra e pela esperança.
Durante a revolução e nos primeiros anos da independência, a região do Uíge, dominada pela FNLA de Holden Roberto, vivia um clima de incerteza. “Toda a minha família trazia consigo o cartão de membro da FNLA, sob o lema ‘Liberdade e terra’”, recorda o antropólogo, que hoje analisa o percurso de Angola com o olhar de quem pertenceu a duas margens da mesma história.
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